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diálogos, propuestas, historias para una Ciudadanía Mundial

Uma tese sobre dph

Trechos tirados da tese « Redes Informatizadas de comunicação : A teia da Rede internacional DPH » de Marcio Vieira de Souza, 2002.

A íntegra da tese em linha no site :http://teses.eps.ufsc.br/...

Leia aqui a introdução e a conclusão da tese.

A história cronológica da rede DPH

Estudar a rede DPH - Diálogos para o Progresso da Humanidade, uma "rede internacional de intercâmbio de experiências e reflexões úteis para a ação" (DPH,1998) é uma oportunidade para poder refletir sobre as possibilidades e potencialidades de redes internacionais baseadas em novas tecnologias (banco de dados, Internet, listas, publicações) em um futuro que se aproxima rapidamente.
Pelo fato desta experiência ser uma rede internacional, multilingüística, sem fins lucrativos e composta "por pessoas e organizações formais e informais interessadas em intercambiar o melhor de seus conhecimentos e experiências" (ibid,1998), acredita-se que este estudo de caso, pode servir para análise dos impactos e influências das tecnologias de informação na formação de Redes de movimentos sociais e organizacionais na era da globalização.

A rede DPH teve como objetivo inicial, criar um banco de dados com informações que represente "o melhor da experiência de cada membro, seja qual seja a sua procedência, da ação de base ao laboratório de investigação e pesquisa".

No início, todo o debate e esforço da rede foi no sentido de criar e estruturar o "banco dados ISIS-DPH", uma ferramenta informacional criada para arquivar e sistematizar as experiências mais significativas dos membros da rede DPH, para que pudessem compartilhar esses conhecimentos. Foi escolhida como ferramenta inicial para criação da base de dados, o Programa ISIS da UNESCO. Esta opção ocorreu
principalmente porque este banco de dados possui uma linguagem aberta, pública e sem fins lucrativos. Outro motivo, era o fato de que esta ferramenta era bastante difundida, sendo que muitas bibliotecas em todo o mundo utilizavam esse padrão e programa.

Com o tempo, a rede se estruturou, se diversificou e se tornou mais complexa, passando a ter co-responsáveis e articulações de pessoas e entidades coligadas na Ásia, África e na América, além de se expandir pela Europa. A rede DPH tem entre seus filiados, organizações não-governamentais (ONGs),
associações, pesquisadores, redes temáticas, comprometidas "com a luta contra a exclusão ou pela construção da paz; com o desenvolvimento sustentável, apoio ao movimento de rádios comunitárias, crédito solidário, pedagogia e direito alternativos, entre outras". Esta rede humana é ancorada e baseada em uma "filosofia partilhada, pois o DPH é igualmente um banco de experiências que permite multiplicar os diálogos, um conjunto de metodologias, um leque de ferramentas técnicas e uma grande variedade de publicações".

Atualmente a rede DPH é uma rede de redes, composta por um variado número de entidades que falam entre outros o francês, língua original no que o sistema foi criado, inglês, espanhol e português. Existe ainda articulação com grupos de países de línguas orientais, entre eles, o chinês. O Banco de dados DPH é composto por um "TESAUROS", sistema de "palavra-chave" que serve para busca e pesquisa dos temas das fichas que contém as experiências sistematizadas do banco de dados. A riqueza e a diversidade do conteúdo desse banco de dados, sua utilização ou não, e a metodologia de uso feita pelos membros da rede local e global destes conteúdos, são objetos deste estudo. Vai-se pesquisar também a utilização da rede (Internet) pela rede DPH. Nesse processo serão estudados os sites da rede DPH, o uso dos fóruns e listas eletrônicas e do e-mail para troca de informações, conhecimento e organização da rede que são utilizados pela rede DPH. Acredita-se que o grande número de dados e informações desta rede dinâmica, que tem as Tecnologias de Informação como base, e nunca foi estudada, é um filão original e importante para pensar a relação entre as redes tecnológicas de informação e a sociedade, e a própria sociedade em forma rede.

A rede DPH e suas fases

Tendo como critério o número de atividades relevantes desenvolvidas pela rede DPH, pode-se constatar uma fase embrionária que vai desde o surgimento da sua idéia inicial (1986/1987) até 1991. Neste período quase todo o trabalho é desenvolvido e realizado pela FPH. Um segundo período, onde as atividades praticamente quadruplicam, ocorre entre 1992 a 1995. Denominou-se esse momento histórico de fase infantil, pois surgem muitas das estruturas organizacionais e ferramentas de trabalho, ainda que embrionárias, mas já com características claras de como se desenvolverão ao longo do tempo na rede DPH em sua extensão internacional. Entre 1996 e 1998 novamente dobram as atividades internacionais registradas da rede. Esse período caracteriza-se como a fase adolescente da rede DPH. A rede começa a ficar adulta, tomar o destino em suas próprias mãos e caminhar com as suas pernas, criando sua identidade e direção organizacional. A rede se solidifica em termos organizacionais na Europa e se amplia e fortalece na América Latina, aumenta as atividades de e encontros na África e na Ásia. Em nível técnico surgem mais ferramentas como o DPH para "Mac" e para Windows (4D), o "tryptique Dph", um kit sobre o DPH e o aprimoramento do Web Dph. Essas ferramentas mais amigáveis facilitam o trabalho e popularização da rede e do banco de dados ISIS-DPH.

A partir de 1999 as atividades vão demonstrando uma tendência de, a cada ano crescer em uma dezena o que faz com que caracterize-se este período com fase adulta. Nota-se uma definição e estabilização da funções organizativas da rede (reuniões de formação, reuniões do CENO, planejamento e atividades para ampliação em outras áreas geográficas, reuniões sistemáticas, aprimoramento das ferramentas, presença formal nas reuniões das redes aliadas e filiadas, etc ). Assim constata-se que historicamente, a REDE DPH tem tido um crescimento formal e organizacional muito grande.

Rede DPH: uma estrela rumo a uma malha

A rede DPH está evoluindo de uma rede em forma de “estrela”, onde a FPH, Fundação Charles Leopold Mayer para o Progresso Humano, era o centro da estrela , passando para uma rede em forma de “y” sendo que o CENO divide a coordenação com a FPH. Alguns indicativos apontam que a tendência da rede DPH é, em um futuro não muito longínquo se transformar em uma rede em malha ou de interdependência, dependendo da conjuntura e de conseguir superar vários desafios. Entre esses desafios estão a dependência econômica de financiamento da FPH (com a conquista de novos parceiros), superar as diferenças linguísticas e a hegemonia francofônica (com novos programas de trabalho e parceiros fortes internacionalmente em outros países não francófonos) e avançar na diversidade e modernização das ferramentas de trabalho e comunicação (banco de dados, Internet, ferramentas de busca etc).

As ferramentas e a prática do intercâmbio de experiências

Um dos grandes desafios que a rede DPH se coloca é : como conseguir uma autêntica troca de experiências? Na construção de um conhecimento comum, cada grupo ou da rede contribui com seus materiais; suas informações, contudo, para que a rede se consolide é imprescindível uma linguagem e uma metodologia de intercâmbio de experiências.

Graças a esta proposta de metodologia, a partir de análises das informações e das experiências, respeitando ao mesmo tempo a complexidade da realidade humana, das culturas, das diversidades economicas e lingüísticas, pode-se tirar lições aplicadas à prática, identificar métodos transferíveis, descobrir pessoas e organismos suscetíveis, que ajudem a facilitar o trabalho e definir orientações para
a ação. Deste modo, no processo de construção a rede DPH tem compreendido que :

  • A ficha DPH constitui a unidade de comunicação entre os membros da rede.
  • O conjunto de fichas se encaminha à constituição de uma inteligência coletiva cuja parte visível se denomina “banco de experiências”.
  • O catálogo da rede DPH permite caracterizar estas experiências e investigar o quê convém para a ação.
  • Os programas informáticos gestionam o conjunto de informações registradas e permitem tirar proveito das mesmas.
  • A metodologia do intercâmbio de experiências aponta técnicas de trabalho intelectual e ajuda a organizar intercâmbios entre os membros da rede e outros interessados em temáticas sistematizadas pela rede.

Uma ficha DPH é uma unidade de comunicação normatizada

Uma ficha segundo, os critérios discutidos pelos membros da rede e divulgado em seus documentos, deve servir em primeiro lugar ao próprio redator ou ao portador da experiência levando-lhe a tirar, ele mesmo, os principais ensinamentos ou aprendizados e a estabelecer a seleção ou comparação com outras situaçõe. Deve, além disso, permitir a outros usufruir das informações e reflexões incluídas nela; e por último, deve constituir um laço entre pessoas e instituições que se revelam mutuamente, através de interesses e práticas comparáveis.

A normatização da apresentação das fichas é a condição para que uma memória coletiva informatizada possa ser utilizada facilmente. Requer certa disciplina no preenchimento das diferentes rúbricas (assinaturas). A ficha DPH tem a particularidade de tentar captar e transmitir uma informação, uma reflexão, uma experiência, seja qual for sua procedência.

As iniciativas documentais clássicas dão prioridade à fonte em comparação ao conteúdo: desse modo, nas mesmas fichas sempre terá mais peso uma informação que procede de um organismo científico oficial do que uma informação que vêm de um grupo coletivo de habitantes de um bairro marginal.

A rede DPH traça um enfoque diferente, que privilegia o interesse do conteúdo e não sacraliza a fonte. Assim pois, por seu estado de ânimo, o redator de uma ficha DPH se assemelha mais ao de um jornalista. O ponto de partida intuitivo de nossa iniciativa, é a idéia de que cada situação, cada contexto local, constitui um “sistema”: cada conjunto engloba um aspecto que traduzem os vínculos entre os homens e seu meio, outros traduzem as lógicas sociais, incluindo outros que traduzem as lógicas autônomas dos sistemas técnicos. Todo sistema é único em seu gênero.

A rede DPH prefere a utilização de métodos “clínicos”: “se distingue as particularidades de cada caso dentro de sua globalidade e logo se tenha, planeja comparar essas globalidades e colocar manifesto as analogias: mas além de sua diferença, a miúdo os diferentes contextos estudados estão construídos de maneira similar.

O esforço de estruturação progressiva prossegue com a codificação. Esta obriga a identificar os temas principais abordados e designá-los mediante palavras chaves. Daí a importância da estrutura do catálogo (tesauro): o cuidado e a definição das palavras e mais ainda o estudo das relações de ordem e de semelhança entre elas é um dos elementos decisivos da estruturação das representações que se faz da realidade.

Uma outra operação, preferentemente coletiva, é “a análise transversal” das fichas. Esta análise consiste em descobrir progressivamente as analogias que fazem que as histórias tenham elementos comuns. As preocupações comuns assim identificadas podem, por exemplo, expressar se em forma de plataforma ou de declaração, em três subdivisões: constatações essenciais, valores essências e prioridades para a ação. Assim, este trabalho intelectual de confrontação de experiências pode desembocar em uma ação coletiva. Por isso, é preciso reconhecer que esta se apoia na adesão a um certo número de valores. Este
método se inspira no método utilizado por certas empresas para dar forma a sua experiência. Isto comprova que a filosofia e a metodologia DPH é claramente influênciada pelas novas teorias sistêmicas, da complexidade, dos fractais e do caos.

Marcio Vieira de Souza, http://buscatextual.cnpq.br/...

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