Tempos atrás, ser professor era reinar no paraíso. Prendados (as)cultos (as)profissionalizados (as). Éramos o partido ideal para pais e caçadores de esposas.
Pertencíamos a um seleto grupo de iluminados (as)regidos por desígnios celestiais, portadores de dons, capazes de transformar idiotas em letrados, bestas feras em santos, educados. Deus sabe por que métodos. Mas... conseguimos essas proezas. Por esses métodos éramos razoavelmente pagos; éramos respeitados e de status social elevado. Modelos até. E com muito orgulho professor (a).
Ao longo da história juntamente com o sistema educacional fomos perdendo status, poder e salário e nos transformamos em TIAS, quase babás.
Mas aos poucos fomos adquirindo consciência da realidade social e da exploração vividas pelo professor. Surgiram as primeiras inquietações e demos um grito de guerra; professora SIM - Tia Não.
Hoje passados mais de dez anos de nossas práticas, novos valores surgem e com eles novas demandas para a educação para a escola e para o professor (a). Novamente somos chamados (as)a fazer o que não estamos preparados para fazer. A ser o que não estávamos preparados para ser.
Assim sendo, não nos pagam bem, não somos mais um bem. Não nos tratam bem. Também não somos mães nem tias para cuidar dos filhos dos outros.
"Esses meninos" que querem saber sobre sexo, que chegam cheirando a cola e fumando maconha e que brigam dentro da classe!
Isso não é problema meu. Pode botá-lo para fora da escola.
Pensando melhor,será que é mesmo nosso papel cuidar do psico-social e fazer um psico-diagnóstico-pedagógico? Ou será que melhor instalar um consultório na escola para encaminhar os alunos drogados e chamar a polícia para os violentos?
Mas será que também esse é meu papel. Afinal eu sou professor ou sensor?
É, parece que o melhor é ver quem mais está inquieto como eu e procurar pessoas que tenham feito práticas que ajudem-nos a encontrar e a identificar afinal: hoje quem sou eu.
educação popular, educador, mudança social
, Brasil
Edna trabalha na Secretaria Municipal de Educação do Recife e faz parte do Coletivo de Educadores de Jovens e Adultos de Pernambuco.
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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