07 / 1997
O campo da Alfabetização de Pessoas Jovens e Adultas ainda carece de uma maior densidade em relação à sistematização de resultados, à pesquisa de campo, à produção de material teórico, e em especial à construção metodológica de um trabalho de formação contínua de educadores/as.
Neste sentido, empreender ações de formação contínua e assessoria aos grupos de educadores/as integrantes de movimentos populares e preocupar-se com a sistematização dessas experiências, é tarefa urgente para melhor capacitação político-pedagógica dos movimentos sociais.
Entendemos que o eixo norteador das ações de formação contínua e assessoria deve ser a prática pedagógica cotidiana das alfabetizadoras, através da reflexão sistemática coletiva das aulas observadas por assessores/as e educadoras e discutidas com o grupo de alfabetizadoras.
As aulas de alfabetização são a matéria prima da formação permanente: é a aula que deve ser tematizada, discutida, questionada, enfim, teorizada. Ao tratar a aula como objeto de estudo do coletivo, lança-se foco em questões ainda não observáveis pela educadora e a partir daí estuda-se aquilo que melhor ajuda a compreender essa aula. As leituras e estudos são feitos como necessidades para entender e explicar melhor a prática que se produz.
Uma metodologia de formação contínua que tome a aula como eixo norteador, parte da prática atual e real da educadora e não de uma prática desejada. Não basta valorizar a educadora em textos, dizendo que ela é sujeito da aprendizagem e na prática da formação, desrespeitá-la empurrando cursos, leituras e pacotes de treinamentos que buscam formar um modelo de alfabetizadora idealizado e já previamente definido.
A formação de educadoras populares carece de investimentos mais duradouros. Não podemos nos contentar com o voluntarismo e o amadorismo que permeiam ainda esse campo de trabalho. O espírito de caridade cristã ou a ideologia de educação revolucionária por si sós, não são suficientes para um trabalho de maior fôlego, se não forem acompanhados de um projeto de formação contínua também duradouro. Há que se aliar o político e o pedagógico em busca de uma prática pedagógica mais consistente e eficaz para os movimentos de educação popular.
Entendemos que uma sistemática que dê conta da reflexão teórica permanente da prática pedagógica das alfabetizadoras, a partir do seu "que fazer" é eficiente alternativa de formação contínua.
É necessário também, a formação contínua de equipes de coordenação pedagógica nos "Núcleos de Alfabetização" onde a formação de educadores esteja se dando, no sentido de ampliar as possibilidades de crescimento e desdobramento do trabalho. Os Núcleos ou o movimento popular não podem ficar dependendo sempre de assessoria externa. Para isso é preciso investir nos quadros do próprio movimento, e manter permanentemente tensionada a contradição: extensão (atender muitas educadoras)X profundidade (aprofundar com pucas educadoras).
O registro, a avaliação, o planejamento e a sistematização, coletivos e permanentes, das experiências em educação popular são portanto, o primeiro e fundamental passo na busca de uma metodologia de formação contínua de educadores/as populares.
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, Brasil, Rio de Janeiro
Estimular o registro e a sistematização de experiências pedagógicas
Domingos é Educador do CEDAC - Centro de Ação Comunitária, integra o Coletivo de Educadores de Jovens e Adultos do Rio de Janeiro e faz parte do GREEPE - Grupo de Estudos e Pesquisas do Coletivo Rio.
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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