Alfabetizar jovens e adultos significa propiciar-lhes uma oportunidade de realizarem o que não lhes foi possível anteriormente. Diversos fatores fazem com que, todos os anos, várias crianças deixem as escolas: a pobreza, a necessidade de trabalhar cada vez mais cedo, a falta de estímulo, a realidade social que desvaloriza economicamente os que conseguem alcançar um certo grau de instrução, a dificuldade de aprendizagem de crianças mal nutridas, e conseqüentes reprovações.
Ao alfabetizá-los estamos ajudando a afastá-los da marginalidade e contribuindo para que exerçam um papel na sociedade, através do trabalho e melhor participação política e social, sem que sejam discriminados.
Para esses jovens e adultos, observa-se que a alfabetização se constitui no início de uma escalada por uma vida melhor; melhores condições financeiras e uma futura profissionalização que não é possível sem uma determinada escolaridade. Muitas dessas pessoas sentem-se humilhadas por dependerem de outras pessoas para coisas simples no cotidiano. Sentem-se discriminados e rotulados por serem analfabetos. Precisam alfabetizar-se para poderem expressar com clareza suas opiniões, crescerem profissionalmente e como pessoas, não serem ludibriados e nem se tornarem motivo de chacotas.
O que desejo para esses alunos é uma alfabetização que ofereça, desde o início, liberdade de expressão e criatividade, através da qual eles percebam-se como seres pensantes e capazes.
No dia-a-dia, procuro trabalhar com a realidade dessses alunos, coisas que conheçam e que estejam próximas deles, para que facilite a aprendizagem da leitura e da escrita e para que observem que trazem consigo toda uma bagagem de conhecimentos que embora não sejam os "pedagógicos", são também importantes. Através de trabalhos diversificados, produções com jornais, revistas, construções orais, trabalhos artísticos,desenhos que exprimem suas idéias, conflitos e anseios interiores, trabalhos de pesquisa, procuro estimulá-los na aprendizagem da leitura e escrita, além de desenvolver o senso crítico e a potencialidade de cada um.
As dificuldades encontradas na realização do trabalho vão desde a freqüencia, que é baixa e oscilante, embora procuremos tornar o espaço escolar o mais interessante possível, oferecendo, inclusive, atividades extras, até o comportamento dos alunos que, por vezes, são revoltados e agressivos e, por outras, retraídos e de difícil aproximação, reflexos da vida sócio-econômica e psicológicas dessas pessoas. Dessa forma, temos que trabalhar a parte pedagógica e humana de cada um deles, visto que educar é trabalhar o ser como um todo.
pobreza, educação popular, educação, luta contra a exclusão, alfabetização
, Brasil, Rio de Janeiro
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br