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diálogos, propuestas, historias para uma cidadania mundial

O analfabetismo que desafia o Brasil

11 / 1994

Estamos chegando ao terceiro milênio. Computadores, máquinas fantásticas e inventos tecnológicos invadem o cotidiano das grandes cidades. Em meio a tantas transformações, um índice assustador teima em desafiar o país: 30 milhões de analfabetos.

Que país é esse? Este país tão bonito mas tão cheio de injustiças sociais, não é só tetra-campeão em futebol, mas também em fome, miséira, mortalidade infantil. Expulsa cidadãos das escolas, privando-os do saber sistematizado.

Esta exclusão é complexa e requer de nós uma reflexão histórica da trajetória da Educação no país. Implantada pelos jesuítas para fazer dos índios indivíduos aculturados e depois expandida nas grandes escolas que formavam a elite no Brasil Colônia.

Nos últimos tempos, sofremos com a farsa do "milagre brasileiro", que nos governos militares prometeu entre outras "histórias", alfabetizar o povo brasileiro ensinando-o a desenhar o nome para assim mantê-lo alienado e obediente.

Hoje, mais do que nunca, sabemos que a trajetória do cidadão brasileiro rumo ao desenvolvimento só poderá ser realidade se o lema "Educação: direito de todos", assegurado legalmente pela constituição, fizer parte das propostas governamentais, pois acreditamos que nenhuma outra reforma será viável se o desenvolvimento não for sinônimo de educação.

Perspectivas de mudanças ao nível mundial já podem ser comprovadas: tanto o Japão como os demais países do primeiro mundo já reduziram seus índices de analfabetismo, erradicando esse "mal social" e promovendo reformas profundas, conjunturais, atendendo inclusive às exigências da nova ordem econômica mundial.

Em Caruaru, ao assumir o Governo Municipal, em 1983, o prefeito José Queiroz, preocupado com os altos índices de analfazetismo no Município de Caruaru (53%), colocou em prática a experiência que a professora Socorro Rabelo trouxe do MEB (Movimento de Educação de Base), que junto com Leandro Filho do MCP (Movimento de Cultura Popular)e Maria Régis implantaram o Projeto Faz-Ler. Enquanto a discussão sobre analfabetismo circula pelo país e a nova LDB (Lei de Diretrizes e Base)ainda tramita no Congresso Nacional, nós que fazemos o Programa Faz-Ler, há 11 anos, assumimos em Caruaru esse desafio. E com ações administrativas sérias e comprometidas acreditamos numa educação de qualidade, que resgata e registra a história e a cultura do aluno analfabeto.

Alfabetizar é inserir o aluno trabalhador no mundo letrado é, como diz o Mestre Paulo Freire, torná-lo umser histórico, cidadão do seu tempo, conhecedor das relações sociais e significativo elemento de mudanças. É uma luta eminente, e nós do Programa Faz-Ler, contamos com um forte aliado: a esperança.

Palavras-chave

educação popular, tecnologia, dimensão cultural do desenvolvimento, direito a educação


, Brasil, Caruaru, Pernambuco

Notas

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Fonte

Texto original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br

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