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Kit Diversidade: Estratégias para a Segurança Alimentar e Valorização das Sementes Locais (Guaraciaba, Santa Catarina, Brasil)

Adriano Canci - Instituto Agrobiodiversidade

07 / 2010

Os 15 artigos relatam uma experiência pioneira realizada no Brasil. Um exemplo de um trabalho construído de forma participativa. Este trabalho foi um esforço conjunto para implementar uma ação planejada pelas associações de agricultores familiares. Deu início a um processo de resgate, uso, conservação e manejo da agrobiodiversidade associada ao conhecimento local, tendo como foco principal, a segurança alimentar de famílias de agricultores, através do fomento à produção de alimentos para autoconsumo. A experiência relatada é inovadora. Porque procurou articular os diversos segmentos da sociedade: governo, associações de agricultores, empresa de extensão rural oficial, universidades e até o banco mundial, financiador da experiência através do Projeto Microbacias 2.

O projeto kit diversidade foi realizado no município de Guaraciaba, localizado no extremo oeste do estado de Santa Catarina. Com o objetivo de melhorar as condições de vida dos agricultores locais após a constatação de que eles compravam alimentos básicos no mercado. Mas os mentores do trabalho (agricultores e técnicos locais) sabem que essa iniciativa vai além da melhoria da renda e da manutenção do modo de vida desses agricultores. O resgate, uso, manejo e conservação de espécies e variedades locais na propriedade associados ao conhecimento local, são na verdade estratégias fundamentais para a segurança alimentar de toda a humanidade.

Associado a produção de alimentos vários aspectos foram trabalhados, como a importância econômica, a importância para a saúde e bem estar das famílias, o conhecimento ligado a essas práticas, todos descritos do resumo dos 15 artigos a seguir.

No artigo 1 é relata a origem da idéia do Kit Diversidade – o que é o Kit Diversidade e seus objetivos.

No artigo 2 é apresentado detalhadamente as etapas de implementação do Kit Diversidade, que tem grande importância para dar inicio a iniciativas semelhantes, em outras regiões do país e mesmo em outras partes do mundo. Neste artigo é descrito, como todo o trabalho foi realizado desde o planejamento inicial, as reuniões com a diretoria e comunidade, entrega e avaliação do Kit diversidade.

No artigo 3 é apresentada uma avaliação crítica sobre a efetividade do kit diversidade após seus primeiros anos de implantação. Baseada nos objetivos que motivaram a sua criação, buscando justificativas para os casos de êxito e redirecionamento. Foram levantadas também informações sobre as preferências dos agricultores, o desempenho das culturas e opiniões sobre o kit.

No artigo 4 o projeto Kit diversidade é apresentado como um resgate a qualidade de vida de agricultores familiares, melhorando a auto-estima das famílias de agricultores.

No artigo 5 é apresentado um depoimento de um agricultor que participa do projeto kit diversidade. Nesse depoimento, são relatados aspectos históricos da vida da sua família, seu modo de vida, perspectivas dos filhos em relação à agricultura, características da propriedade.

No artigo 6 é apresentado a produção de alimentos para o autoconsumo como fator de desenvolvimento agrícola sustentável.

No artigo 7 são apresentados argumentos, econômicos para a produção de alimentos para autoconsumo, como estratégia de segurança alimentar. E a inserção da agricultura familiar nas dinâmicas de mercado.

No artigo 8 é discutido o alimento como parte integrante da cultura dos povos. É argumentado que antes de uma planta tornar-se alimento ela é muito trabalhada pelo homem, através do longo processo de domesticação. O milho, por exemplo, por ter cultura humana associada a ele, passou a ser a “cultura do milho”. Isso diferencia duas visões diametralmente opostas do mundo. Uma com base na relação planta/alimento-cultura e outra na relação planta/alimento-commodities.

No artigo 9 uma contribuição de uma médica do município de Guaraciaba em relação à nutrição e saúde. A partir de seu conhecimento e experiência local sobre os hábitos alimentares dos agricultores. Neste artigo é abordado sobre os mitos que cercam a alimentação, no dia a dia das famílias.

No artigo 10 ainda sobre alimentação é abordado aspectos relacionados ao conhecimento, saúde, auto-cuidado e longevidade. Através do conhecimento adquirido na família, conhecimento adquirido na vida social e conhecimento sedimentado, que será passado adiante através das gerações. Ainda é abordado sobre o risco dos agrotóxicos e a importância da alimentação integral.

No artigo 11 são apresentados argumentos que demonstram a Pesquisa, Extensão e Aprendizagem Participativa, como um processo para resgate do saber local, através de parcerias entre as comunidades, instituições e pessoas.

No artigo 12 é apresentada uma experiência interinstitucional de capacitação em pesquisa participativa. Através de experiências-piloto de Pesquisa-Extensão e Aprendizagem-Participativa (PEAP) em diversas regiões de Santa Catarina. Abrangendo inclusive o trabalho do kit diversidade em Guaraciaba, desenvolvida no âmbito do Projeto Microbacias 2.

Nos artigos 13 e 14 é abordada a importância do conhecimento local e informal no processo do manejo da agrobiodiversidade. Bem como, a associação entre o conhecimento informal e o formal (acadêmico). Por muito tempo o conhecimento informal foi o único a prover os meios necessários à sobrevivência e evolução do homem. No entanto, com a evolução de sociedades urbano-industrial este tipo de conhecimento passou a ser desvalorizado. O que nem sempre ocorreu localmente em comunidades que viviam à margem deste processo, garantindo assim sua segurança alimentar. Após a perda de muito conhecimento informal associado à agrobiodiversidade, que também reduziu de forma assombrosa nos últimos séculos, se reconhece que o diálogo destes dois tipos de conhecimento pode ser um caminho de sucesso para conservar e resgatar o que ainda resta.

No artigo 15 é abordado sobre a produção de semente crioula perante a lei. A lei de sementes e mudas brasileira dificulta e/ou inviabiliza essa atividade, extremamente importante no Brasil e muito realizada pela agricultura familiar. Algumas sugestões são apresentadas no sentido de superar esses impasses legais.

15 fiches

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