Bárbara TAVOLARI, Ana SOUZA, Mônica AREAS, Vicentina FERREIRA
03 / 1996
Alfabetizar jovens e adultos é, antes de tudo, um trabalho de resgate da cidadania, da auto-estima de pessoas que se encontram à margem da sociedade. São pessoas que podem ter um passado escolar ou que então, nunca estiveram na escola.
Alfabetizar no sentido literal da palavra não quer dizer meramente fazer do aluno um decodificador de símbolos gráficos. Não basta ensinar apenas a ler e escrever, mas sim, o porquê de ler e escrever. É tornar o indivíduo consciente de sua existência, lembrar que ele não é apenas um número, uma pessoa, mas a pessoa de posse do saber e da consciência e que promoverá mudanças em sua vida e no próprio meio onde vive.
Alfabetizar é um trabalho extremamente gratificante, pois descobrimos que somos úteis, que podemos ajudar o outro a conquistar sua condição de cidadão.
Pensamos para a realidade do PEJ (Programa de Educação Juvenil)um aprendizado múltiplo, democrático e prático. É comum em nossas salas de aula surgirem discussões de temas que muito tem a ver com o dia-a-dia de cada um. Portanto,no PEJ fala-se de sexo, amor, respeito, solidariedade, força, trabalho, vida. O interessante é que todos estes assuntos podem ser engajados muito bem à Matemática, à Língua Portuguesa, à Ciências, e à Integração Social.
Pensamos que os jovens do PEJ precisam adquirir conteúdos formais, mas também precisam escrever bilhetes, ler versos, cartas dos parentes que estão longe, atender telefones e anotar recados, ler a bula de remédios. Os jovens precisam se sentir iguais a tantos outros e, conquistar, como os outros, o seu próprio espaço.
No PEJ, a nossa maior dificuldade é trabalhar com turmas muito heterogêneas. Cada aluno é uma "caixinha de surpresas" e, muitas vezes os seus medos, frustrações, fazem com que eles se fechem ao diálogo e, até mesmo, ao aprendizado. O nosso caminho tem sido diversificar a metodologia, atender individualmente o aluno e fazer diferentes planejamentos para uma mesma turma.
No nosso CIEP as difuculdades têm sido ainda maiores devido ao grande número de alunos em sala de aula. Tememos que esta situação prejudique o processo ensino-aprendizagem, já que nós não temos podido dar atenção individual a cada aluno. Tal situação pode levá-los ao desinteresse e à evasão.
Recentemente, realizamos uma atividade onde o aluno do PEJ tinha que expressar, através de desenhos, que tipo de sentimento surge no indivíduo que aprendeu a ler e a escrever. Muito nos comoveu quando avaliamos que, na opinião deles, o sentimento comum é o de liberdade. Finalmente, esperamos que o PEJ se fortaleça, que esta genuína proposta de alfabetização alcance muitos jovens, proporcionando-lhes a mais linda das emoções: a liberdade.
metodología, educación popular, educación, lucha contra la marginación social
, Brasil, Rio de Janeiro
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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