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Matemática, um instrumento de superação Social

Ter consciência sobre seus mecanismos de raciocínio significa a possibilidade de compreender e por conseguinte ser capaz de se abstrair das situações concretas para uma outra qualidade de pensamento

Maria do Socorro Martins CALHÁU

08 / 1996

Uma das maiores dificuldades que nós, alfabetizadores de adultos, encontramos no ensino da matemática é fazer com que o aluno adulto consiga entender e explicar as estratégias cognitivas que se utiliza para chegar ao resultado, num determinado cálculo que ele realizou mentalmente. Explico. É muito difícil para o adulto, pouco escolarizado, explicar como foi que chegou a tal resultado. Quando ele nos diz que dez mais quinze é vinte e cinco e nós, em contapartida, perguntamos: "por quê? Como você chegou a este resultado?" Na maioria das vezes, ele responde: "porque eu sei". "Sei lá porque". E raramente descreve seu trabalho intelectual.

Nós professores alfabetizadores temos como tarefa perseguir a possibilidade deste aluno explicar suas estratégias. Devemos sempre estar perguntando como foi que ele chegou a este ou aquele resultado. Esta é uma tarefa difícil de realizar mas se for perseguida, poderá trazer excelentes resultados para o trabalho como um todo. Possibilitar que o nosso aluno comece a ter consciência sobre seus mecanismos de raciocínio, significa para ele, a possibilidade de compreender e fazer relações com seu mundo subjetivo e por conseguinte ser capaz de se abstrair das situações concretas para uma outra qualidade de pensamento.

Na verdade o que acontece é que este tipo de raciocínio é muito utilizado por pessoas acostumadas com as práticas de leitura e escrita e as demais relações de interação com o mundo letrado. Vale dizer que esta atividade intelectual não é melhor nem pior do que as que os adultos não escolarizados estão acostumados a se utilizar. Ela é apenas uma demanda do mundo letrado e, portanto, um valioso instrumento de sobrevivência numa sociedade como a nossa, onde a leitura e a escrita são poderosos elementos de dominação.

Muitos dos nossos alunos por estarem em processo de alfabetização ainda não dominam muito bem estas estratégias. Segundo os estudiosos, não só as práticas típicas do letramento favorecem este tipo de habilidade intelectual. Prova disto é que os adultos não escolarizados que realizam trabalhos coletivos, que participam em atividades sindicais, partidos políticos, associação de moradores, entre outros, apresentam um nível bastante sofisticado de conhecimento de suas estratégias mentais.

Nosso desafio é possibilitar aos nossos alunos a apropriação de suas habilidades intelectuais e que isto os ajude a estabelecer relações ao longo de sua vida na busca de uma outra qualidade de interferência no mundo e desta forma fazer escolhas que passem ou não pela lógica letrada. A opção deve ser dele.

Palabras claves

educación popular, educación


, Brasil, Rio de Janeiro

Notas

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Fuente

Texto original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br

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