As profundas e aceleradas mudanças que se verificam no mundo de hoje vêm provocando um debate permanente sobre a eduação/formação a ser desenvolvida pelas diversas instituições da sociedade - família, escola, empresas, etc. Falar sobre este tema, a partir da acumulação feita numa prática de formação de educadores, é o objetivo desta ficha.
A experiência em questão consiste na dinamização de coletivos de professores e educadores, que reúnem participantes de experiências governamentais e não governamentais, envolvidos não só com a atividade de educação de jovens e adultos mas, também, com o ensino fundamental para crianças. Implementada nos Estados de Pernambuco e Rio de Janeiro, essa estratégia busca o estabelecimento de uma prática continuada de auto-formação.
É pela socialização dos ganhos e dos entraves vivenciados na prática educativa/escolar, desenvolvida pelos participantes das diferentes experiências presentes no coletivo, que esse processo ganha vida. Apresentando seu fazer educativo, os participantes criam as condições para o confronto de concepções com as demais práticas trazidas pelos parceiros do coletivo. E, da exposição dessas diferentes perspectivas emergem múltiplas e diversificadas sínteses. A circulação do conhecimento/saber que aí se verifica favorece a interrogação da prática de cada um.
Na concretização dessa proposta várias atividades são desenvolvidas. Cada um dos coletivos teve como marco inicial de seu funcionamento a realização de um Seminário. Para ele são convidados professores/educadores envolvidos com a prática de sala de aula e/ou com a práticade formação. A relação/compromisso com essa instância de reflexão não se subordinam a acordos formais com a instituição à qual os participantes estão ligados. Assim sendo, o pertencimento ao coletivo é fruto da vontade/decisão de cada um. De atividade inauguradora do coletivo, os Seminários passaram a ser uma rotina periódica de trabalho, onde os participantes definem os temas a serem trabalhados por todos.
Foi do processo vivenciado no espaço dos seminários que surgiu a necessidade de implementar outras atividades. O BAM (Banco de Ajuda Mútua)é uma delas. Aí, o que se busca é estimular a prática do registro e sistematização do pensar/fazer dos participantes do coletivo, através da preparação de fichas em torno de assuntos diversificados - artigos de livro ou jornal,experiências prórpias ou não, reflexões teóricas sobre a prática acumulada, etc.
Outras duas atividades, propostas e implementadas apenas no coletivo do Rio de Janeiro, são o Grepe (Grupo de Estudos e Pesquisa)e o Boletim... A primeira tem como objetivo apoiar a reflexão/teorização da prática que se produz nos seminários e nas fichas BAM, assim como levantar novas questões apontadas na literatura especializada, sobre diferentes temas. A segunda visa a circulação permanente de notícias, reflexões e informações a respeito do fazer educativo das experiências participantes, ou não, do coletivo.
É claro que não é fácil a incrementação de uma proposta deste tipo. As dificuldades que uma estratégia como essa encontra são muitas. De fato, não é de um dia para outro que conseguimos mudar posturas e comportamentos enraizados, principalmente, quando se trata do processo de produção de conhecimentos. A idéia de formação como um processo de aquisição do que foi pensado e elaborado por outros é o que predomina, não só entre nós educadores mas, também, entre outros profissionais da área das ciências sociais e humanas. Produzir conhecimento a partir da prática, valorizar outros caminhos de saber que não apenas aquele gestado nas instituições de ensino e pesquisa é uma aventura que só muito lentamente conseguimos abraçar.
Enfim, com toda essa estratégia o que se pretende, fundamentalmente, é fazer com que os professores/educadores tomem em suas mãos o seu processo de formação. Nela estamos apostando na construção da autonomia desses profissionais, na medida em que investimos na sua auto-estima, na reconstrução da sua identidade, na ampliação da sua liberdade de pensar/propor e na autoria. Esses são alguns dos valores que, no nosso ponto de vista, precisam ser dinamizados e difundidos, no interior das diversas instituições da sociedade, para que uma educação de outra qualidade possa emergir.
educación popular, formación, educación, autonomía
, Brasil, Rio de Janeiro, Pernambuco
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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