O que dizem as mulheres
Os primeiros anos foram muito dificeis no plano económico principalmente pela hostilidade da comunidade, mas quando se deram conta das implicações (responsabilidades)do processo já estavam demasiado envolvidas. O ambiente hostil foi desaparecendo à medida que a cooperativa conseguia sobreviver, ultrapassar as dificuldades e aumentar o nível de remunerações. Actualmente a população já considera que a cooperativa constitui um "benefício para a aldeia". Mas queixam-se que "nós não queremos cá mais ninguém", porque "nós só podemos dar trabalho conforme as necessidades sentidas pela cooperativa senão pomos em risco o nosso posto de trabalho e o delas". Também referem, que o hábito dos subsídios através de programas de formação ou ocupação faz com "as pessoas da aldeia querem vir trabalhar com ’ordenado’ certo. Se houvesse mais cursos financiados a fundo perdido vinham. Mas pagas à peça como nós, muito poucas viriam". Realçam a importância que as formações tecnico-profissionais tiveram na melhoria de qualidade dos productos e nos ganhos de productividade. Realçam também a importância das consultorias na sua capacidade de evoluir em termos organizativos e da gestão ultrapassando conflitos e situações internas muito dificeis.
Mostram-se muito contentes com o "grande" aumento das vendas e com o nível de remunerações alcançadas em 1992, idêntico ao salário mínimo nacional. Contudo, tinham consciencia que pela primeira vez. em 1993 "a existência da nossa cooperativa está sómente nas mãos do mercado", sendo necessário aumentar as vendas e diminuir os custos melhorando o "aproveitamento" do tempo.
Ponto de Vista do Relator
Este grupo de mulheres não desistiu quando os primeiros finaciamentos de cursos técnico-profissionais e do FSE acabaram. No seu pragmatismo foram encontrando ao longo dos anos estratégias que lhes permitiram:
- captar e gerir diversos financiamentos a fundo perdido (FSE), que não só permitiram equilibrar os déficits financeiros de funcionamento da cooperativa como introduzir benefícios concretos ao nível das pessoas da aldeia e, também pelo seu exemplo, levar ima comunidade em vias de desertificação a acreditar que uma vida diferente é possível no futuro daquela aldeia;
- captar e gerir apoios técnicos para o funcionamento da empresa;
- efectuar uma aprendizagem ao nível empresarial que se traduz nas evoluções da:
. organização interna;
- progressivo domínio da gestão pelo conjunto do grupo, com a aquisição de um raciocínio estratégico já de tipo empresarial.
- ganhos importantes de productividade, pela introdução de máquinas, para melhoria da capacidade técnica das cooperadoras, e pela melhorias na organização do trabalho;
- melhorias na qualidade dos produtos e consequente aceitação no mercado;
- aumentos substanciais dos volumes da vendas, de ano para ano.
Apesar deste desenvolvimento o volume da vendas de 1992, ainda não foi suficiente para viabilizar a cooperativa sem recurso a financiamentos. Em 1993 o grupo de mulheres tem consciência que lhes será dificil ter acesso a novos financiamentos, mas simultaneamente, e por palavras suas "pela primeira vez vêm uma luz ao fundo do tunel" ao nível do mercado, devido aos ganhos de productividade e melhoria de qualidade dos seus produtos e consequente aumento do volume de vendas em 1992.
Consideramos que estão reunidas condições para este grupo de mulheres evoluir para uma situação claramente empresarial, no entanto a recessão prevista ao nível do país para 1993 pode tornar impossível a duplicação do volume de vendas necessário para a viabilização da cooperativa. O grupo pode vir a atravessar uma fase muito dificil.
cooperative, handicraft, assessment, commercialization, autonomy, financing
, Portugal, Relva
Other
SEIES=SOCIEDADEDE ESTUDOS E INTERVENÇAO EM ENGENHARIA SOCIALE, 1993 (PORTUGAL)
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