español   français   english   português

dph is part of the Coredem
www.coredem.info

dialogues, proposals, stories for global citizenship

SEIES -2-, a cooperativa em funcionamento

07 / 1993

Organização e Gestão

A cooperativa funciona através de "grupos de trabalho" de projecto, de acção ou administrativo. Cada pessoa pode pertencer a vários grupos de trabalho, com funções diferentes - pode ser coordenadora num grupo de trabalho e ser elemento executivo noutro, por exemplo.

Cada grupo assegura a concepção dum trabalho, realizando ou controlando a totalidade das tarefas que isso implica - concepção, planificação, orçamentação, preparação, e execução, controle de custos e de facturação, relações com colaboradores, avaliação e balanço.

Existe um grupo de trabalho administrativo, responsavel pelo conjunto das tarefas de apoio administrativo e gestão.

A articulação dos grupos de trabalho é assegurada por um Secretario Geral, função definida como de "coordenação, controle e articulação de todas as actividades da cooperativa num processo de dinamização do sistema de funcionamento em autogestão. O Secretario Geral é eleito cada ano e em principio não pode exercer essa função por mais de 3 anos seguidos. Quinzenalmente há uma reunião de coordenação com todes os trabalhadores para prestação de contas do trabalho realizado e programação da quinzena seguinte.

O funcionamento quotidiano tem levado á criação de instrumentos de democratização. Assim, por exemplo o Secretario Geral Faz frequentemente uma reunião de 5 minutos antes de tomar uma decisão. Existe uma Agenda Colectiva de Coordenação em que cada um pode fixar reuniões com outro; um "Diário" com a fixação des principais acontecimentos do dia. Com frequência são feitos "brainstorming" colectivos para encontrar elementos novos relativos aos trabalhos encomendados ou mesmo na gestão. Trimestralmente o Colectivo realiza uma reunião sobre o funcionamento geral da cooperativa e isso tanto a nível objectivo como subjectivo. As tensões internas, o relacionamento interpessoal, a partilha do "poder", as dificuldades pessoais são elementos de uma discussão muitas vezes dificil, mas insubstituível.

Horários e Remunerações: Na cooperativa pratica-se um horario de 37.5 horas semanais em ragime flexivel; cada trabalhador, em função dos compromissos assumidos, determina o seu horário que poderá ser diferente cada dia, apenas tendo de o registar na agenda colectiva de coordenação. Para os trabalhadores ainda não sócios, existe um horário de 40 horas, com liberdade para alterações programadas e ainda para faltas ou atrasos desde que não frequentes. É lhes aplicável o sistema de remunerações establecido como os sindicatos.

Os sócios têm todos a mesma remuneração independentemente da sua função. Aquando da admissão da 1 secretária administrativa como sócia houve uma longa discussão sobre o princípio da igualdade de remuneraçóes tendo sido decidido manter o princípio mas introduzindo uma correcção para o futuro. A igualização da remuneração deve fazar-se num período máximo de 5 anos, acompanhando paralelamente o processo de "crescimento" do novo sócio. A passagem de assalariado a sócio assumido não se pode fazer de um momento para o outro.

Produção e Trabalho Desenvolvido: Há uma constante em todos os trabalhos realizados quer por iniciativa própria, quer para clientes - criar condições para assegurar (desbloquear, estimular)a partecipação integral (e não só na execução)das pessoas envolvidas em qualquer actividade. Os primeiros trabalhos foram na área do desenvolvimento organizacional e de gestão de pequenas empresas e cooperativas - intervir não como consultor, mas como dinamizadores de processos de diagnóstico colectivo, de procura de soluções e sua experimentação quase imediata. Dois projectos em Moçambique - um na área industrial outro na área rural - seguem os mesmos princípios mas desenvolvendo uma outra vertente - fazer apelo a tecnologias alternativas que não criem dependências do exterior (peças ou técnicos), que permitam utilizar capacidades locais. São apoiadas organizações camponesas, a alfabetização funcional aparece para criar capacidade de gestão, assim como pequenas actividades de fabrico ou de reparação de instrumentos de trabalho ou domésticos. É introduzido o biogás em cooperativas, recuperados moinhos de vento e sistema de rega de tecnologias suaves, relançada a tracção animal onde o trator não funciona por falta de peças, etc. No meio de um modelo assente em grandes investimentos estatais, com uma planificação central, rigida, a SEIES dinamiza um processo de planificação participativa, na base, que se mostrou eficaz e defendida por camponeses durante o congresso do partido oficial.

Inserção no meio: com uma filosofia que alia o profissionalismo a uma maneira de estar e ver a sociedade do tipo "optimista" (mais que utópica), torna-se necessário um grande esforço de estudo, de observação do real, de comunicação com outros grupos similares no pais e no estrangeiro. Sistematicamente, 2 ou 3 membros da cooperativa participam cada ano em reuniões no estrangeiro sobre as problemáticas de trabalho que constituem a preocupação dominante. Em resultado disso a SAIES mantém relações de amizade e colaboração com pequenos grupos em Itália, França, Suíça, Alemanha, Bélgica, Espanha, Irlanda.

Key words

cooperative, pedagogy, democracy


, Portugal, Lisboa

Source

Other

SEIES=SOCIEDADE DE ESTUDOS E INTERVENÇAO EM ENGENHARIA SOCIALE, SEIES, 1993 (PORTUGAL)

IRED NORD (Innovations et Réseaux pour le Développement) - Via Tacito 10. 00193 ROMA. ITALIA. Tel (19)39 6 320 78 49. Fax (19)39 6 320 81 55. E-mail irednord@geo2.poptel.org.uk - www.ired.org

legal mentions