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Diploma, Seriação e Continuidade no Programa de Educaçao Juvenil

04 / 1995

Estas sã trê questões que freqüentemente surgem nas discussões acerca do Programa de Educaçao Juvenil. Correspondem a demandas que surgem ora dos alunos ora dos docentes envolvidos com o Programa.

Numa sociedade onde o "sabe com quem está falando" continua com plena força, os analfabetos ocupam os lugares mais baixos da escala de valorização social imposta pela cultura dos setores sociais dominantes. Os preconceitos ligados aos níveis de escolaridade somam-se aqueles relacionados ao sexo, cor, classe, etc. Neste universo discriminatório, é compreensível a aspiração dos setores subalternos a títulos, certificados e diplomas - mesmo que seja um mero atestado de que ali não se encontra um analfabeto. Em termos práticos, uma credencial como esta, geralmente, possui muito pouca utilidade. Contudo, para muitos de nossos alunos, o acesso a este tipo de documento representa mais do que imaginamos.

Para nosso Programa, o fundamental é que não abordemos esta discussão de maneira simplista, polarizada em se devemos, ou não devemos fornecer diplomas ou certificados aos alunos alfabetizados. O importante é que consigamos trazer a claro a estrutura social implícita no momento em que uma demanda como esta surge. Ou seja, em nossas classes, a reivindicação de alunos por diplomas deve ser a eles devolvida criticamente, de forma a estimular o desenvolvimento de formas de pensamento que não meramente corroboram o "status quo". Conseguindo seguir este caminho, acreditamos que a questão do fornecimento, ou não, de certificados secundariza-se e deve ser colocada no espaço da opção do aluno. Não podemos esquecer, conforme já colocado acima, que um certificado de freqüência ao curso de alfabetização, ou um "diploma de alfabetizado" pouquíssimo valor prático possui na sociedade. Portanto, o fundamental é enfrentarmos seu valor simbólico, o que não pode ser conseguido simplesmente negando ou distribuindo fartamente certificados. Resta, ainda, lembrar a desmoralização a que ficaram delegados os certificados distribuídos pelo MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização), dada a falta de critérios e a fartura com que foram distribuídos, evidenciando a pura preocupação estatística com finalidades propagandísticas.

Contra este tipo de problema devemos nos resguardar.

Quanto à demanda pelo enquadramento da Educação Juvenil nos moldes de seriação adotados pela escola regular, devem ser ressaltados dois aspectos principais. Primeiramente, é reconhecido que existe por parte de muitos alunos o anseio por continuarem na escola ampliando seus níveis de conhecimento. Isto é legítimo, ou mais, é um direito. Em segundo lugar, existe uma forte corrente no sentido de tentar enquadrar o Programa no modelo de escola tradicional, com seus currículos, programas e avaliações que, quase sempre, enfatizam o que é secundário. Confundir estas duas demandas é algo negativo.

A proposição de nosso trabalho é permitir aos alunos a aquisição dos códigos predominantes na comunicação escrita, associada ao desenvolvimento de perceber as relações implícitas ao universo que os cerca. Sendo, portanto, um programa de alfabetização, não vemos sentido em introduzir um modelo seriado, cujo conteúdo é uma reprodução empobrecida da escola destinada às crianças. Nossos alunos, via de regra, já passaram pela experiência da escola tradicional e nela não foram bem sucedidos. Agora, numa idade mais avançada, acreditamos que suas dificuldades sejam acentuadas. Queremos, assim, marcar que a recusada seriação prende-se à recusa pela associação da Educação Juvenil à fracassada do curso supletivo.

Porém, devemos apresentar alguma resposta ao desejo manifesto de alguns alunos, já alfabetizados ou em momento avançado do processo de alfabetização, à continuidade da escolarização. Para estes alunos, a única alternativa existente é o supletivo, rejeitado por muitos deles, deve ser, portanto, considerada a possibilidade de criação de classes de alunos pós-alfabetizados, visando ao aprofundamento de suas discussões e conhecimentos. Para isso, os CIEPs (Centro Integrado de Educação Pública)dispõem de espaço físico ocioso no período noturno. Seria necessária a decisão de ampliar a experiência iniciada recentemente com a Educação Juvenil, de forma a atender uma reivindicação de alunos e permitir um melhor estudo da problemática educacional relativa a esta complexa faixa etária que vimos atendendo.

Key words

popular education, education


, Brazil, Rio de Janeiro

file

Estimular o registro e a sistematização de experiências pedagógicas

Notes

A equipe do PEJ (Programa de Educação Juvenil da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro)integra o Coletivo de Educadores de jovens e Adultos do Rio de Janeiro.

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Source

Original text

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brazil - sape (@) alternex.com.br

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