O que dizem as mulheres do grupo
No plano económico os primeiros anos foram dificeis (o que levou 2 das jovens iniciais a partir), mas o costante crescimento do volume de vendas de ano para ano dava confiança. A descrença das familias no projecto ("isso não vai dar dinheiro..." "estão a trabalhar para nada...")era ambivalente com o apoio afectivo que resultava do profundo desejo que as filhas tvissem razão. Ao atingir a capacidade de pagar uma remuneração mensal (actualmente equivalente ao salário minimo)ganharam a confiança dos mais velhos, e ingressaram no grupo 3 mulheres com mais de 50 anos. Outras tecedeiras e jovens das aldeias desejam trabalhar lá, mas as associadas consideram ser necessário consolidar prioritáriamente a situação actual. Realçam a importância que as formações e os apoios técnicos têm tido na sua capacidade de evoluir, em termos comerciais e organizativos. No final de 1992 elas estavam muito satisfeitas com a situação a que chegaram:
- as 4 jovens não tiveram de migrar, e as mulheres mais velhas diziam "...trabalhar sempre nos matámos a trabalhar, receber dinheiro todos os meses é que é a primeira vez...".
- já ganham um ordenado bom para o contexto da aldeia (em que as despesas mensais são muito menores que as das cidades);
- trabalham num ambiente agradável, num grupo que funciona bem, e são elas próprias a gerir a seu tempo;
- gostam do trabalho que fazem e, como dizem, distribuem os trabalhos conforme a queda/gosto de cada uma;
- sentem-se reconhecidas socialmente pelos clientes, pelas instituições e pela população das aldeias;
- as 4 jovens têm uma vida socio-cultural activa, como animadoras de projectos culturais desenvolvidos nas aldeias e deslocam-se regularmente para participar em feiras, como elementos das redes onde estão inseridas.
Avaliação externa
Os seguintes factores foram favoráveis ao desenvolvimento da micro-empresa:
1 - A nivel de organismos de apoio:
- existência de um organismo de apoio local que tem as caracteristicas de: viverem localmente; buscarem a conjugação de apoios, para os grupos; deixar que cresçam as autonomias; mostrar que podem existir outros caminhos e a vida pode ser diferente e melhor, mesmo ali;
- as metodologias dos projectos de formação e de consultorias, centradas sobre as práticas e o grau de desenvolvimento organizacional, psicológico e cultural do grupo de mulheres, em cada momento;
- a regularidade e continuidade dos apoios técnicos;
- apoios financeiros de valor limitado, e adequados à fase de desenvolvimento, e necessidades do grupo;
- articulação apesar de especificidade e características de cada um, entre organismos de apoio, gerida pelo grupo de mulheres.
2 - A nivel do grupo das mulheres:
- equilibrio dinâmico entre gerações;
- desejo muito real de não partir e de encontrar/construir alternativas;
- pragmatismo e bom senso, na estratégia de desenvolvimento escolhida (rara em grupos com estas caracteristicas)ao condicionar os tempos de trabalho às vendas;
- disponibilidade para efectuar deslocações por parte das jovens e boa aceitação por parte das famílias;
- capacidade de gerir apoios de diversos organismos em função das suas necessidades, mantendo uma grande autonomia;
- boa capacidade técnica de execução das peças produzidas e sentido pragmático e organizativo ao nível da gestão.
3 - A nivel da população local/familias:
- desejo muito profundo de não continuar a ver as filhas partir;
- boa aceitação da iniciativa das jovens (sancionada pela presença da mestra).
E’ de realçar que os produtos fabricados por esta micro-empresa têm uma incorporação de mão de obra (e logo custos)muito inferior ao habitual em produtos artesanais, possibilitando uma rentabilização mais rápida.
Os maiores factores limitantes ao desenvolvimento desta micro-empresa são:
- fragilidade dos circuitos comerciais;
- dependencia ao nível do fornecimento do Borel (matéria prima);
- necessidade de consultorias técnicas regulares, sem ter ainda gerado meios suficientes para suportar os custos.
empresa, mulher, artesanato
, Portugal, Lamego
Outro
SEIES=SOCIEDADE DE ESTUDOS E INTERVENÇAO EM ENGENHARIA SOCIALE, 1993 (PORTUGAL)
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