Relatorio do Encontro de ONGs para preparação de Agenda para discussao com o Banco Mundial - II

A construçao de estrategias para abordagem dos problemas junto ao Banco Mundial e governos e outro desafio. Para isto, parece fundamental compreender e ter sempre em mente o que pretendem tambem nossos interlocutores extrair deste dialogo.

O segundo dest es encontros reuniu em Paipa, Colombia, ONGs da America Latina e Caribe, representantes do Banco Mundial e de diversos governos da regiao, com a presenca de cerca de 100 participantes. A reuniao foi uma conseq³encia da decisao tomada no ultimo encontro do Grupo de Trabalho das ONGs sobre o Banco Mundial, no sentido de que se realizassem encontros regionais na Africa, Asia e America Latina e Caribe. Como tema, as questoes centrais que vem sendo debatidas com o Banco Mundial nos ultimos anos: as politicasde ajuste e a pobreza, a utilizaçao dos fundos destinados ao combate a miseria, formaçao de recursos humanos e a participaçao da sociedade civil na elaboraçao e implementaçao dos programas respectivos.

Ja no inicio do encontro, ficou evidenciada a indisp onibilidade do Banco para colocar em discussao com as ONGs o tema das politicas de ajuste estrutural e suas conseq³encias sobre as populacoes da regiao. O Banco insiste na posiçao de que tais politicas sao o caminho para a saida da pobreza, ignorando as evidencias de que os processos de ajuste empreendidos tem aprofundado as desigualdades economicas e sociais no interior dos paises em desenvolvimento, ao mesmo tempo em que aumentam a distÔncia que os separa do Primeiro Mundo.

Por um lado, o Banco reconh ece que "durante" o periodo de ajuste os problemas podem se agravar, traduzindo este reconhecimento na criaçao de fundos para compensar os efeitos negativos de tais politicas. Mas por outro, nao se mostra disposto a reconhecer dois fatos de extrema importÔncia. Primeiro, que o ajuste nao pode ser um fim em si mesmo, mas deve ser sim um meio de combater a pobreza: este tem que ser obrigatoriamente o objetivo central. Segundo, que as politicas de ajuste vem se mostrando inconsistentes, resultando numa sucessao de crises (vide Mexico)que prolongam por tempo indeterminado a aplicaçao de politicas recessivas e outras, que por sua vez adiam indefinidamente a inauguraçao de uma era de efetivo combate a nossos verdadeiros problemas.

A nosso ver, este panoram a faz com que os fundos criados pelo Banco para combater a pobreza nem de longe compensem os estragos causados pela aplicaçao de tais politicas. Ha, portanto que seguir lutando para que a redefiniçao das politicas de ajuste passe a ser um tema para discussao, a ser incluido no dialogo entre ONGs, Banco Mundial e Governos.

Nos demais temas da agenda, logrou-se, tambem a nosso ver, bons resultados no sentido de assegurar nao so a construçao de uma agenda de trabalho que permita a continuidade do dialogo.