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Modelos demonstrativos e experimentos em Sistemas Agroflorestais com bananeiras na Mata Atlântica, Brasil

02 / 2005

Um dos principais problemas que assola a pequena produção em áreas de preservação ambiental na Mata Atlântica é como conciliar a produção agropecuária com a proteção da natureza. Na região de Guaraqueçaba, na zona costeira do estado do Paraná, sul do Brasil, a entidade Sociedade para a Proteção da Vida Silvestre (SPVS) atuante na conservação deentro de uma Área de Proteção Ambiental (APA) e reservas particulares sob a sua gestão na região, procurou introduzir alternativas tecnológicas junto a esta população.

Seguindo critérios de localização, solo, aspectos culturais, lideranças locais, distância das propriedades em relação às Reservas da SPVS, bem como disponibilidade de tempo e interesse do produtor em acompanhar o processo, foram definidas 13 propriedades que produzem banana (Musa spp.) em oito comunidades a receberem os Modelos Demonstrativos (MDs) de Sistemas Agroflorestais (SAFs). Nestas áreas foram delimitadas 33 unidades amostrais, sob forma de parcelas retangulares de 10 por 20m. Deste total, 24 unidades foram delineadas em áreas com sombreamento de árvores nativas e 9 em local desprovido de sombra das árvores. As parcelas foram delimitadas com canos de PVC na cor vermelha.

Na primeira etapa do projeto, realizou-se levantamento florístico das parcelas, bem como a contagem do número de bananeiras, identificação de espécies herbáceas, que serviram como base para a segunda etapa, onde as parcelas foram monitoradas a fim de que pudessem ser feitas comparações dos dois sistemas produtivos já mencionados. Desta forma, procurou-se com o monitoramento evidenciar a comparação produtiva entre os sistemas que estavam sombreados e os que não estavam sombreados, de modo a: (1) estudar a viabilidade produtiva dos sistemas agroflorestais e qual a melhor disposição dos arranjos florestais para os sistemas arranjados; e (2) verificar onde as bananeiras estavam mais saudáveis. Em detrimento à metodologia aplicada, verificou-se a necessidade de aprimorá-la no quesito científico, o que resultaria em uniformizar as parcelas em características como solo, número de bananeiras, tipo de manejo, cultura, topografia, etc.

Concluiu-se que, para fomentar a utilização de SAFS para a bananicultura dentro das condições sociais encontradas na região, deve-se mostrar outros benefícios além da produtividade, enfatizando assim a agregação de valor. Os bananais que apresentaram sombreamento mostraram-se mais saudáveis, porém, observou-se que a produtividade não está diretamente relacionada exclusivamente com o sombreamento do bananal, e sim com o conjunto de condições que o cercam, tais como – e principalmente – o nível de cuidado que o produtor tem sobre seu bananal. Observou-se que um sombreamento mediano é benéfico ao bananal, não representando nenhum tipo de obstáculo à produtividade dos bananais.

Seguindo as premissas do trabalho desenvolvido, os benefícios para o produtor são: maior tamanho do cacho, maior vigor do bananal, menor número de intervenções, como roçadas e renovação do bananal, menor custo, e a possibilidade de consorciar a bananicultura com outros produtos, por exemplo, o palmito. O trabalho evidenciou ainda que a proteção da bananeira pelas espécies florestais nativas tem contribuído diretamente para minimizar a incidência do mal de sigatoka amarela. Mais recentemente, em visita às parcelas, os técnicos da SEAB e do Departamento de Defesa Fitossanitária (Defis) observaram que o SAF está controlando o mal de sigatoka negra em nível comparado com o controle convencional que está se praticando no litoral sul com cerca de 14 pulverizações. A SPVS procura também orientar os produtores em relação ao lixo doméstico e à recuperação e preservação das matas nativas.

Palavras-chave

produção agrícola, ecologia florestal, proteção das florestas


, Brasil

dossiê

Sistemas agroflorestais : Ecologia e produção

Comentários

A SPVS tem um forte interesse na promoção do capital humano, social e fixo junto a comunidades da APA, defendendo a atividade dentro de princípios agroecológicos, mais compatíveis com a riqueza ambiental da região e potencialmente mais interessantes para pequenos produtores, já que promovem a diversidade produtiva pelo consórcio de diferentes espécies produtivas podendo resultar em valor agregado pelo processo de certificação. No entanto, há que se avaliar as vantagens destes sistemas agroflorestais em relação ao cultivo de bananeiras solteiras, tendo em vista dar maior credibilidade à prática junto aos próprios produtores. Desta forma, a experiência busca comparar a viabilidade produtiva dos sistemas agroflorestais com os sistemas tradicionais de cultivo da bananeira solteira. Pode-se adiantar que em um ano de monitoramento dos sistemas implantados, os resultados preliminares configuram a prática como positiva para a região.

Notas

Contact

CONEGLIAN Sandro Jorge, MENDES Marcelo.

SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (R. Gutemberg, 296 – Batel – Curitiba (PR) CEP: 80.420-030 Tel/fax: + 55 (41) 242-0280 www.spvs.org.br sandrojorge@spvs.org.br)

Fonte

Documento interno

Esta ficha foi elaborada a partir de informações coletadas de documentos internos da SPVS, bem como em parte, de matéria publicada por Romeu Bruns Neto no site de jornalismo, O Eco, em 24 de setembro de 2004.

REBRAF = Rede Brasileira Agroflorestal ((Institut Réseau Brésilien Agroforestier)) - Cx. P. 6501, cep. 20072-970 Rio de Janeiro, Brésil - Brasil - www.rebraf.org.br - info (@) rebraf.org.br

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