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A economia solidária do trabalho

Pauline GROSSO, Rosemary GOMES

06 / 2003

A economia solidária pode ser definida como um campo de significados e práticas atravessado pelos projetos que pretendem dar conta, a um só tempo, da crise do trabalho assalariado e da reestruturação socio-produtiva, a partir da reorganização do trabalho e dos modos de apropriação da riqueza. O que implica construir, a partir de movimentos e lutas coletivas, novas mediações, espaços e políticas públicas, novas práticas e mecanismos associativos, que unifiquem produtores e consumidores através de estratégias de transformação do estatuto da propriedade e dos mecanismos de acumulação de capital.

Esse novo campo da práxis social coletiva parte da centralidade do trabalho vivo na criação direta da riqueza, integrando três diferentes dinâmicas de ação: enquanto economia popular baseada no fator trabalho, enquanto economia social baseada em formas associativas e cooperativas de empreendimento econômico, enquanto reorganização da propriedade e apropriação coletiva dos meios de produção e gestão como economia solidária. Desta forma emerge um campo político plural para os sujeitos coletivos que visa abrir espaços, transformar e subordinar os diferentes setores da economia com vistas a construção de saídas sociais e públicas para a crise do modo de produção capitalista. A relação entre projetos de autonomia da cidadania e de autogestão produtiva pretende incidir no conjunto das relações sociais de produção e sobre o sistema das forças produtivas sociais do capital, projetando uma estratégia sobre as políticas públicas e a no regime politico em ruptura com a economia política do capital.

O processo de construção da economia solidária no trabalho unifica a plataforma dos trabalhadores no sentido de um questionamento do conjunto do modo de produção e reprodução da riqueza, e retoma a centralidade do trabalho vivo como centro de construção de uma transição para um novo modo de produção associativo, cooperativo e autogestionário. As bases sociais e políticas desse processo se articulam, nas palavras de Paul Singer, como uma "revolução social socialista", combinada com a ampliação da democracia de massas no plano político.

No caso brasileiro existem forças sociais organizadas , entre outras, pela CUT-Central Única dos Trabalhadores, pelo MST-Movimento Sem Terra, pela ANTEAG- Associação dos Trabalhadores de Empresas Auto Gestionárias, pela RBSES- Rede Brasileira de Socioeconomia Solidária e programas governamentais locais e regionais no Rio Grande do Sul, no Recife, em Belém e no ABC Paulista e em São Paulo (capital), que atuam em estratégias alternativas de geração de trabalho e renda com enfoques de economia popular, social e solidária.

Estes processos ainda são mais próximos de estratégias emergenciais de sobrevivência e solidariedade horizontal e redistributiva do que de transformação estrutural sócio-produtiva. Mas a crise do regime de assalariamento abre espaço para a afirmação das redes horizontais dos atores da cultura cooperativista e autogestionária do trabalho, que se manifesta e difunde como uma referência mais ampla para enfrentar a crise dos padrões de gestão empresarial e controle do trabalho, combatendo a lógica fragmentadora e competitiva do capital. Esse processo se dá sem perda de vista dos conflitos e antagonismos nos setores e nas disputas do sistema das relações contratuais conduzidas pelos sindicatos e associações dos trabalhadores, nas empresas tradicionais e nas novas formas da economia da informação e dos serviços capitalistas organizados.

Palavras-chave

economia social, economia solidária, trabalho, sistema de produção


, Brasil

dossiê

Economia solidária na França e no Brasil

Fonte

Tese e memoria

”Economia Solidária e a nova Centralidade do Trabalho”

Tese de Doutorado Pedro Cláudio Cunca Bocauyva Cunha –defendida em março de 2003 no IPPUR/UFRJ, mimeo no prelo para publicação

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