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Economia solidária na França

Definição: o que entendemos por economia solidária na França?

Pauline GROSSO, Rosemary GOMES

06 / 2003

Conceito

A economia solidária representa o conjunto das atividades de produção, distribuição, consumo e financiamento contribuindo para a democratização da economia a partir de engajamentos de cidadania tanto a nível local quanto global.

É praticada em modalidades variadas e engloba várias formas de organização que são adotadas pela população com a finalidade de criar os próprios recursos de trabalho ou para ter acesso a bens e serviços (inclusive financiamentos) de qualidade, numa dinâmica de reciprocidade e solidariedade que articule os interesses individuais com o interesse coletivo. Assim, estão incluídos: finanças solidárias, comércio eqüitativo, serviços de proximidade, agricultura sustentável, gestão urbana pelos habitantes, restaurantes interculturais, sistemas locais de trocas, moedas sociais, restaurantes populares, cooperativas de produtos biológicos etc...

Ainda que várias dessas experiências sejam inéditas, boa parte se apóia numa renovação ou redescoberta de práticas inauguradas no século XIX (a então chamada economia social, ou melhor, as práticas cooperativistas e mutualistas). O renascimento da economia solidária na França é recente, estando relacionado à grande crise econômica iniciada em meados dos anos 70. De fato, a partir do início dos anos 80, várias inovações, onde prevalece a solidariedade econômica, nascem como resposta aos desequilíbrios gerados pelo modelo hegemônico neoliberal de desenvolvimento e pela globalização. Combinada aos objetivos nitidamente alternativos, determinados pelos militantes de uma transformação da economia, a economia solidária francesa apresenta então múltiplas facetas: quer humanista e social, quer radical e alternativa.

No entanto, ao usarmos como critério a quantidade de pessoas “usuárias” das várias formas de economia solidária, esta permanece secundária e pouco conhecida pelo público francês. A economia solidária é assimilada a uma determinada parte da esfera associativista e parcialmente apoiada por políticas públicas específicas consideradas mais sociais do que econômicas.

A economia solidária propõe o pleno uso de nossos direitos de cidadãos e atores econômicos para construir uma outra economia. Com efeito, há uma forma econômica de ser cidadão e uma forma cidadã de ser ator econômico. Como atores econômicos, podemos expressar através de nosso comportamento diário em relação ao consumo, à poupança, ao investimento e com frequencia à produção, as nossas escolhas sociais e ambientais e trazer uma exigência ética, uma ética da ação de proximidade que prefigura o mundo de direito por nós almejado.

Muitos grupos ou entidades associativistas franceses oferecem hoje à população alternativas (produtos oriundos do comercio eqüitativo, produtos éticos, aplicação de poupança solidária, poupança socialmente responsável) que possibilitam a cada um assumir concretamente um comportamento cidadão, tornando-se assim um ator na sociedade.

Subconjuntos

No Collectif Engagement citoyen dans l’économie (Associação Engajamentos da Cidadania na Economia), o tema da economia solidária é representado por vários atores, dentro de quatro temáticas:

  • Finanças solidárias

  • Comércio eqüitativo

  • Consumo engajado

  • Investimentos socialmente responsáveis

Atores: quem pratica a economia solidária na França?

Na França são considerados projetos solidários, os projetos que apresentam como conteúdo um componente de interesse geral, no sentido de que contribuem, por exemplo, à inclusão de pessoas ou territórios em dificuldades: criação de empresas, projetos de economia social (associações, cooperativas) projetos de desenvolvimento sustentável (agricultura biológica, energias renováveis etc) ou ligados ao serviço público (serviços para pessoas etc...). Esses projetos são conduzidos por muitos e diversificados atores.

Boa parte deles pertence a associações:

  • Associação Engajamentos da Cidadania na Economia: Ação para o Consumo, Finansol, Plataforma para o Comércio Eqüitativo

  • Movimento para a Economia Solidária (MES)

  • Pólo Socioeconômico (Aliança para um mundo responsável, plural e solidário)

  • Coordenação Sul

  • Fórum para o Investimento Responsável (FIR)

  • Associação da Ética no Rótulo

Ilustrando práticas de economia solidária na França

Finanças solidárias: consultar ficha finanças abaixo

Comércio eqüitativo: consultar ficha comércio eqüitativo abaixo

Propostas de trabalho e pedidos de políticas públicas na área da economia solidária na França

1. Construir novos conceitos e indicadores para medir a riqueza e a economia

  • Construir contextos teóricos e instrumentos metodológicos para analisar, avaliar e valorizar as especificidades das atividades da economia solidária

  • Reforçar indicadores não monetários complementares ao PIB

  • Repensar a cooperação internacional, sobretudo a partir do paradigma da solidariedade do que através da ajuda financeira ou técnica

  • Ampliar os critérios de avaliação das empresas incluindo os impactos sociais e ambientais de sua atividade, propondo códigos alternativos de ética

2. Consolidar as experiências sucedidas, e instalar sistemas de produção–distribuição–consumo sustentáveis entre os vários componentes da economia solidária a nível local, estatal, nacional e internacional

  • Desenvolver espaços de intercâmbio e solidariedade entre os diferentes componentes da economia solidária

  • Articular os diferentes componentes da economia solidária reforçando as experiências, as redes e os circuitos. Trata-se especificamente de reforçar os vários elos da cadeia econômica solidária (articular, por exemplo, comercio eqüitativo e finanças solidária)

  • Inventar novos modos de contratualização e financiamento entre economia solidária e poder público e/ou setor privado.

3. Promover um reconhecimento da economia solidária como elemento básico de um desenvolvimento sustentável pluridimensional

  • Desenvolver a estruturação através de redes dos vários atores da economia solidária, a fim de que eles se reconheçam mutuamente enquanto atores coletivos de mudança social

  • Pressionar as instituições multilaterais e continentais para que revejam suas políticas e integrem a economia solidária

  • Propor políticas públicas que atendam às necessidades e óticas da economia solidária

  • Divulgar e valorizar a economia solidária pela implantação de estratégias de comunicação, educação e informação.

Palavras-chave

comércio justo, economia solidária, economia social


, Franca

dossiê

Economia solidária na França e no Brasil

Fonte

Livro

CANNARD Philippe, GROSSO Pauline, SKAGHAMMAR Thomas, L’économie solidaire dans la coopération franco-brésilienne : propositions d’actions (A economia solidária na cooperação franco-brasileira: propostas de ações), Missão em Porto Alegre (Brasil) fevereiro de 2002 do Collectif Engagements citoyens dans l’économie, Paris, maio, 2002, 61 páginas

FRAISSE Laurent, ORTIZ Humberto, BOULIANE Manon, (coordenado por) Economie solidaire (Economia solidária), dossiê de propostas CPP29 de l’Alliance pour un monde responsable, pluriel et solidaire, (Aliança para um mundo responsável, plural e solidário) Paris, nov, 2001, 13 páginas

ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) - Rua General Jardim, 660 - 7º andar - Vila Buarque Cep: 01223-010 São Paulo - SP- BRASIL - Fone/fax: (55 11) 3237-2122 - Brasil - www.abong.org.br - abong (@) uol.com.br

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menções legais