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Um dia de aula no PEJ -Programa de Educação Juvenil- da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro

(Un jour de classe du Programme d’éducation juvénile du Secrétariat municipal d’éducation à Rio de Janeiro)

Cátia Raquel BIZARRO

03 / 1996

Pensar, refletir a prática é fundamental porque a dinâmica é o elemento principal, é o homem que não para no tempo, não para de pensar, não pára...E, por mais vanguardista que pensamos ser, ao analisarmos friamente nossa prática, nos pegamos de surpresa com atitudes pedagógicas fora do nosso ideário e, nos criticamos por ter alguns procedimentos, muitas vezes, comportamentalista.

Vamos analisar um dia de aula no PEJ?

Bom, o PEJ é um Programa de Educação de Jovens e Adultos, excluídos da rede regular quando menores ou que não tiveram oportunidade de freqüentá-la.

Às 18 horas, o jantar é servido e dura 30 minutos, os alunos vão chegando e jantando ou almoçando. Algumas bandejas são reservadas para os alunos que vêm direto do trabalho.

O sinal bate e os professores estão em sala de aula aguardando. Demora cerca de 15 a 20 minutos para que todos estejam dentro de sala. No trajeto, os alunos fazem questão de cumprimentar os colegas com assobios, batendo palmas, às vezes até gritam o nome de alguém.

Essa chegada gradual em sala de aula, permite que eu converse com cada um sobre uma roupa nova, corte de cabelo, notícia de jornal, algo que chamou atenção na comunidade...

Todos já em sala de aula, quase sempre alguém escreve o cabeçalho com a ajuda do grupo. São 19 horas.

Percebo a necessidade de les copiarem algo no caderno, mesmo que façam atividades coletivas, ou individual em folha mimeografada, é o registro de que estiveram no CIEP (Centro Integrado de Educação Pública). Enquanto copiam não conversam, pois os alunos, na maioria adolescentes, ou fazem uma coisa ou outra. É difícil a concentração em mais de uma atividade. Iniciada a aula, apresentei o livro de conto popular finlandês de Ana Maria Machado - um herói fanfarrão e sua mãe - bem valente pus-me a ler para os alunos. Um silêncio maior do que sempre fizeram quando eu conto ou leio histórias, contagiou o ambiente. Olhos bem abertos, atentos. Ninguém dormiu!

Terminada a leitura, uma grande discussão envolveu toda a turma. Alguns criticaram e outros queriam mais. As diversas visões foram confrontadas, a do povo finlandês com as nossas tradições. Comecei a listá-las: cantigas de roda, canções de ninar, histórias e mais histórias (lendas)...

Eram 20 horas e estávamos dentro da sala brincando (Batatinha Frita, Rosa Juvenil, Carniça, Mímica), apenas 3 alunos ficaram sentados participando oralmente.

Os alunos perceberam a quanto tempo não brincavam e não davam importância para isto.

20 horas 30 minutos, bateu o sinal e os alunos foram descendo aos poucos, para Educação Física.

Começaram os conflitos. "O que fiz hoje? eles não escreveram nada. Será que alguns alunos não vão aparecer amanhã?" Pensamentos, pensamentos...

Ao descer do segundo pavimento, em companhia de quatro alunos, o diretor Solon me pára e diz ter quase subido pois estava uma tranqüilidade, por maior que fosse o barulho.

Vygotsky, mais uma vez, me deu suporte teórico e os fantasmas se foram. Mediar é permitir a socialização, a fala, as críticas, deixar que o indivíduo esteja presente de corpo e alma no processo ensino-aprendizagem.

Mots-clés

éducation populaire, éducation


, Brésil, Rio de Janeiro

Notes

Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.

Source

Texte original

SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brésil - sape (@) alternex.com.br

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