Cuando o tempo dos alunos não é o tempo do programa
(Dans quel temps sommes-nous ? Quand le temps des élèves n’est pas celui du programme)
06 / 1996
Estão juntas duas turmas, Educação Básica e Pneumática, para mais uma discussão do Programa de Educação Política da Escola. Desta vez, a proposta é formar três grupos para trabalhar sobre o que chamamos "Colagem de Idéias": apanhado de frases, letras de músicas, poesias. Tudo com o objetivo de aprofundar as idéias do Socialismo.
Desde cedo, no pátio e na cantina da Escola, estão espalhados vários cartazes para criar um ambiente provocativo, despertando a curiosidade dos alunos logo de sua chegada para a aula.
Cada grupo recebe material de apoio para elaborar uma apresentação para os outros grupos. Nesse momento damos cartolinas, hidrocor, lápis cera, lápis de cor, pilot, cola, revistas e jornais.
Cria-se realmente um momento onde os alunos discutem, participam ativamente das atividades de seu grupo, exaltados por se fazerem ouvir, opinando, recortando, colando e criando frases.
Dois grupos estão adiantados, já na preparação dos cartazes. O terceiro grupo ainda está discutindo, muito envolvido com os textos de apoio e com a colagem. Os monitores observam, ajudam se solicitados, mas sem interferir no processo. Ainda temos tempo.
Quando o relógio se aproxima das 21:45h alguns alunos começam a se movimentar, se arrumando para ir embora. O terceiro grupo se preocupa: ainda nem começaram a elaborar o cartaz!
22:00h. Toca a sirene, avisando do fim da aula! A maioria corre, preocupada com o horário dos ônibus. O pessoal do terceiro grupo se chega, indagando sobre o cartaz. Fica resolvido continuar na próxima quarta, dia específico para a Educação Política.
Na conversa com os outros monitores, todas as salas - estão terminando a elaboração dos cartazes. O programa vai se atrasar, não temos tempo. Não se pode gastar mais tempo com isso. E agora? O tempo é pouco para todo o programa. Vai atrasar o processo geral, não vai dar tempo de terminar. O tempo não pára, o tempo corre contra o próprio tempo.
Mas os alunos estão gostando, estão envolvidos, estão aprofundando (não é esse o nosso objetivo?), curtindo fazer cartazes, criando suas prórias frases, textos, desenhos e molduras. Estão no seu próprio tempo, lento talvez, mas rico com certeza.
E os educadores, vão interromper? Apressar para cumprir o programa? Cortar um barato dos alunos? Mas se é esse envolvimento que a gente quer, como podemos fazer isso?
Tempo, tempo, tempo ou fazer bem feito? É melhor deixar que os alunos realmente curtam o que estão aprendendo, ou apenas cumprir o programa pré-estabelecido, mas não por eles?
Temos tempo para viver, temos tempo para amar, procriar, aprender, ensinar, morrer! Mas esse tempo está realmente no tempo certo?
Qual o nosso tempo?
éducation populaire, pédagogie
, Brésil, Pernambuco
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texte original
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