Entendo cultura como a matéria prima da nossa expressão de sentimento. É através dela que nos mostramos e exprimimos a nossa relação com o outro, com o mundo, com nossos sonhos e desejos. A partir dessa emoção que descrevo a experiência acontecida em minha oficina de teatro, no CAIC - Centro de Atenção Integral à Criança, e a trajetória e dimensão de nosso vôo em busca de um trabalho culturalmente vivo! Entramos no palco da escola, dando continuidade a uma série de atividades que envolve o trabalho de corpo, voz, exercícios cênicos e técnicas teatrais que compõem essa oficina. Em meio à atividade, construímos a hipótese: eu posso voar! E começamos a desenvolver nossa imaginação e nosso corpo/nave para comprovação dessa hipótese. Escolhemos entre exercícios e dinâmicas de vôo um belo pássaro que representaria nosso concreto desejo: o mágico e livre beija-flor. Enquanto "voávamos" trabalhando peso, socialização, afetividade, canto, sensação e contatos com a terra e o ar, fomos além na comprovação de nossa hipótese: eu sou tudo que o beija-flor tocou. Os alunos, pequenos beija-flores, faziam o movimento desse pássaro que olhando a flor, primeiro encanta-se, alegra-se e colhe energias, ganhando o espaço de toda a escola. Saíram topando com sua alma, flores, paredes, luzes, pessoas, besouros, pedras e duto que despertava curiosidade e prazer. Educadores que se encontravam em salas paralelas, vinham às janelas e sem entender direito me perguntavam: "pra onde vão estes beija-flores?" Eu, contagiada pelo exercício, me envolvia e voava junto.
Na volta, quando as pequenas "aves" chegaram ao grande círculo para contar sua prazerosa aventura, ríamos e nos encantávamos com o que havíamos todado, com a escola, com nós mesmos. Os depoimentos curiosos, todos eles mostraram a dinâmica da cultura, que favorece as descobertas e coloca a escola como palco de emoções prazerosas. Douglas (11 anos), aluno da cultura, ao descrever seu encantamento por uma flor que observou no pátio da escola, disse ao grande grupo: "eu não tinha reparado como é gostoso sobreviver!" Emocionados, e tentando levar conosco além da impressão da alma, uma pequena lembrança desse vôo, confeccionamos com jornais várias pipas e dançamos ao som de "redescobrir" (Ivan Lins): a escola, a cultura, o prazer, a vida!
éducation populaire, théâtre
, Brésil, Caruaru, Pernambuco
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Récit d’expérience ; Texte original
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