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Algumas preocupaçoes da OCB : Organizaçao das Cooperativas Brasileiras, com relaçao ao processo de integraçao do MERCOSUL (2) : cronograma e os possiveis impactos sobre a populaçao rural

(Quelques préoccupations de l’Organisation des Coopératives Brésiliennes OCB sur l’intégration du Mercosul 2 : les délais et possibles conséquences pour la population rurale)

Clàudia PETRINA

05 / 1993

A Organizaçao das Cooperativas Brasileiras nao tem uma ideia preconcebida contra a integraçao,entretanto,tem-se criticado a forma dos cronogramas temporais,que estao sendo estabelecidos de cima para baixo.O que preocupa a OCB e que a integração e uma coisa muito boa para se tentar prefixar datas,quando na realidade,tais datas nao podem ser fixadas a partir de um Tratado, de um modelo.A OCB acha que a ideia de integraçao,e uma ideia razoavel.E ela esta gerando algumas coisas interessantes,por exemplo,nunca se discutiu tanto no Brasil a questao da competitividade na agricultura.Isso e uma coisa positiva. Mas ao mesmo tempo que ela e positiva,no sentido de abrir discussao sobre a produtividade,sobre a competitividade,sobre a necessidadede de se modernizar a atividade agricola,gera também,uma preocupaçao com a questao dos prazos marcados,porque nao se altera o sistema de produçao com tanta facilidade.E muito facil fazer isso quando se tem dinheiro abundante,credito,pesquisa,assistência tecnica.Na verdade nao e o caso brasileiro.Vive-se uma crise de orçamento,de pesquisa agricola.Temos um problema serio na extensão rural,enfim,nao se muda isso de uma hora para outra.Agora,a OCB considera que a tendencia natural,quando se cria uma zona de livre comercio e se ter uma competiçao maior com o Uruguai,a Argentina e o Paraguai.O problema esta no fato de se ter programas de alocaçao e realocaçao de fatores.Pois,na hora que, por uma questao comercial se inviabiliza determinada produçao,tem que se gerar ou criar condiçoes e alternativas.Nao se pode simplesmente,pegar o povo que vai sair do campo e transferi-lo para a cidade.A urbanizaçao no Brasil ja esta bastante avançada,e nao existe possibilidade de se absorver essa mao-de-obra.Mesmo porque,a industria tambem procura se modernizar,e para isso ela precisa ter mão-de-obra preparada,especializada,e provavelmente,os agricultores que seriam expulsos do campo pela questao da integraçao,nao teriam qualificaçao,em principio, para trabalhar na industria.

A OCB diz que o Mercosul vai alterar o perfil de produçao de todos os paises,na agricultura brasileira,e provavelmente,na industria argentina.Mas,nao ha um convencimento de que o Brasil,um pais com uma populaçao tao grande,com uma quantidade de terras disponiveis,se de ao luxo de abastecer o seu mercado com produtos fundamentais da alimentaçao basica via importaçao.A OCB tambem nao se convence de que a Argentina vai abrir mao do processo de industrializaçao,deixando a cargo do Brasil o suprimento do mercado argentino com produtos industrializados.Isso poderia gerar problemas de natureza politica na Argentina,por privilegiar um modelo primario exportador nesse pais.Ou seja,nao podemos saber,de fato,se os politicos e o povo argentino,irao se contentar em vender alimentos para o Brasil e comprar produtos com valor agregado mais alto.

Mots-clés

échange commercial, coopérative


, Brésil

Commentaire

De maneira geral, representantes dos diversos segmentos do campo no Brasil que tem levantado sua voz em relaçao ao Mercosul, tem se posicionado de forma critica, quando nao frontalmente contra. Nesse contexto, e interessante a opiniao do representante do sistema cooperativo quando, em primeiro lugar, destaca que a entidade que representa e a favor do Mercosul, e ainda consegui identificar alguns elementos que ele considera positivos em relaçao a agricultura no Brasil, como a discussao em torno da necessidade de se melhorar o sistema produtivo. De outro lado, e necessario ter presente que em nenhum momento e questionado o atual modelo de desenvolvimento agrário, concentrador, excludente e violento, do qual o Mercosul e apenas uma dimensao.

Notes

Entrevista Guillermo ROGEL, assessor (IBASE), com Silmar PEREIRA RODRIGUES, assessor internacional na Organizaçao das Cooperativas Brasileiras (2a ficha).

Source

Entretien

ROGEL, Guillermo, IBASE=INSTITUTO BRASILEIRO DE ANALISES SOCIAIS E ECONOMICAS, S.E., 1993 (Brazil)

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