A Cidadania faz hortas Comunitarias - II

Ao longo de todo o processo, as questoes relativas a produçao, comercio e gerenciamento vem sendo decididas e encaminhadas pelas 12 familias hoje envolvidas no trabalho da horta e com assessoria de alguns membros do Comite, como e o caso de Edilson Guedes da Costa, tecnico em agronomia e funcionario do Centro de Ciencias Agrarias do Campus de Areias da UFPB. Presente a I Conferencia Nacional de Seguranca Alimentar como delegado eleito para representar seu Estado, Edilson nos informa que o tempo dedicado ao Comite Areiense nao e contado como parte de suas atividades como funcionario da Faculdade de Agronomia e Zootecnia. Apesar de oferecer o terreno, e muito pequeno o envolvimento da Universidade. Tambem e pequena a participaçao do conjunto de seus professores e alunos, em sua maioria oriundos da capital e de outros municipios do Estado e pertencentes a familias da classe media e alta. Apesar disto, e meta do Comite ampliar o apoio da Universidade atraves de cessao de 50 ao inves de 1 hectare e obter um veiculo para transporte da produçao.

Na realidade, todo o trabalho realizado pelo comite resulta principalmente da iniciativa e do esforco pessoal de seus integrantes e conta com pouquissimo ou nenhum apoio das instituicoes as quais estao vinculados. Ainda assim, na busca de solucoes para a questao da fome, o Comite comeca a desenvolver outras atividades que visam a geraçao de emprego e renda.

Uma delas e um curso de corte e costura para a montagem de uma confecçao, atividade realizada em parceria com a Secretaria Estadual de Trabalho e Açao Social, que cede os monitores e o Centro Social Urbano, que cede as maquinas. Como resultado, oito mulheres ja trabalham em uma confecçao de roupas intimas cujos produtos estao sendo vendidos nas feiras livres da cidade. Da mesma maneira que em relaçao a horta, os materiais para a confecçao das primeiras pecas foram obtidos atraves de doacoes e de promoçao de festas para arrecadaçao de recursos. O Comite pretende tambem instalar pequenas fabricas de detergente, desinfetantes e oficinas de reciclagem de papel com o objetivo de gerar emprego e renda para os jovens da cidade. Estas oficinas funcionarao tambem como escolas profissionalizantes.

Somados os envolvidos na horta e na confecçao, ate julho de 1994, p ortanto quase um ano depois de iniciado o movimento de Açao da Cidadania, apenas vinte familias haviam sido integradas em atividades produtivas. E pouco, nem 10% do total de 250 familias desempregadas. Os resultados seriam maiores se houvesse o compromisso efetivo de instituicoes e nao apenas de cidadaos. A universidade, por exemplo, nao investe num trabalho educativo-pedagogico atento as questoes sociais. Um trabalho que envolva professores, alunos e populacoes locais num processo de busca de fundamentaçao teorica que possibilite a compreensao e a criaçao de estrategias para a superaçao de questoes como a do analfabetismo e da produçao de alimentos. Da mesma forma, o proprio sistema e as instituicoes que o formalizam caminham na contramao da proposta de assegurar dignas condicoes de vida para a populaçao.