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Experiências em Recuperação de Áreas Alteradas na Amazônia Brasileira

12 / 2004

O surgimento de áreas alteradas na Amazônia

Desde o Brasil colônia, a Amazônia experimentou intensos processos de ocupação. As políticas de crescimento econômico dos governos militares, tendo a Amazônia como grande almoxarifado de terras, ocasionaram seguidas ondas de imigrações, fazendo com que um grande número de produtores oriundos de outras regiões, principalmente do sul do país, ocupassem a região de forma desordenada, resultando em índices elevados de desmatamento.

Hoje, a Amazônia brasileira possui 330 milhões de hectares, dos quais cerca de 58 milhões estão desmatados. E apesar da grande área desmatada, centenas de experiências florestais e agroflorestais estão em andamento na Amazônia. O Centro para Pesquisa Florestal Internacional - Cifor, juntamente com a Embrapa Amazônia Oriental estão desenvolvendo um estudo intitulado Revisão de Experiências de Recuperação de Áreas Alteradas na Amazônia Brasileira, este estudo conta com a colaboração do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia - Ipam e com o Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG. O objetivo central é aumentar as chances de recuperação de áreas já alteradas na Amazônia, para que as florestas possam exercer suas funções ecológicas, econômicas e sociais.

Agricultores familiares e médios produtores, empresários, instituições governamentais e não-governamentais são os atores dessas experiências, que embora tenham sido implementadas por fatores que não somente respondem a questão ambiental, supõe-se que há uma sensível contribuição no intuito de “frear” ou minimizar o processo de alteração do ecossistema amazônico

O termo “áreas alteradas” no qual o estudo está centrado significa áreas antropizadas por atividades agropecuária e madeireira, e tem como foco os estabelecimentos rurais, abrangendo três tipos de área: preservação permanente, reserva legal e áreas abertas (sem vegetação ou ocupadas por capoeiras).

A coleta de dados do estudo teve como principal foco a região mais desflorestada da Amazônia brasileira, conhecida como arco do desmatamento. Esta região tem início no nordeste do estado do Pará, atravessa o sudoeste do estado do Maranhão e norte do estado do Mato Grosso, seguindo até o noroeste do estado de Rondônia. Sua largura varia entre 200 e 600 km, dependendo da intensidade das atividades antrópicas. Apesar desta faixa incluir sete estados da Amazônia, em 2001, apenas 50 municípios (20% dos municípios do arco) foram responsáveis por 70% do desmatamento. É nesta região que programas de recuperação de áreas alteradas devem dedicar mais esforços.

Nela, predominam atividades como exploração predatória de madeira, pecuária e agricultura e trazem, dentre outros problemas, a susceptibilidade ao fogo. A ocorrência de fogo acidental e o próprio desmatamento provocam a diminuição da umidade local, alterando o regime de chuva da região, redução da capacidade produtiva, comprometimento da biodiversidade e dos serviços ecológicos, dentre outros. O modelo de uso da terra utilizado atualmente pela agricultura amazônica, seja em pequena, média ou grande escala acarretam a exaustão do solo, comprometendo a produção agrícola futura e ameaçando a floresta. O esgotamento dos nutrientes do solo faz com que o produtor abandone a área, desmatando ainda mais.

O estudo “Revisão das Experiências de Recuperação de Áreas Alteradas”, uma parceria entre Cifor, Embrapa, Ipam e Museu Emilio Goeldi

As áreas alteradas podem se tornar produtivas, e recuperá-las é uma importante alternativa para reduzir a pressão sobre a floresta. O estudo que está sendo desenvolvido pelo convênio entre as instituições tem como objetivos: i) conhecer as experiências de recuperação de áreas alteradas desenvolvidas na Amazônia, identificando os motivos de sucesso e insucesso; ii) identificar os fatores técnicos, econômicos, sociais e políticos que influenciam a adoção de tecnologias disponíveis para a recuperação de áreas alteradas; iii) retirar destas experiências, lições que possam ser usadas no planejamento, execução e avaliação de futuras iniciativas para recuperar áreas alteradas; iv) analisar as experiências desenvolvidas e retirar padrões de projetos de recuperação de áreas alteradas, específicos para diferentes regiões da Amazônia; v) divulgar os resultados obtidos, orientando políticas públicas com relação a financiamentos concedidos para pequenos, médios e grandes produtores. Inicialmente foi dedicado esforço para buscar o maior número de experiências com recuperação de áreas alteradas na Amazônia brasileira.

Com o apoio de várias instituições, mais de 300 experiências espalhadas por toda a Amazônia foram catalogadas e encontram-se armazenadas no banco de dados do Cifor - Centro para Pesquisa Florestal Internacional. Com base neste levantamento foi feita a seleção das experiências para visita de campo, obedecendo alguns critérios, dentre eles, a) presença de componente arbóreo; b) experiências com mais de um ano de implementação; c) área experimental superior a 0,5 ha.

O esforço amostral foi concentrado em projetos coletivos com agricultores familiares. Após as visitas de campo observamos que para se conduzir uma experiência de recuperação de área alterada é preciso pensar em todas as etapas, desde a organização dos agricultores, espécies a serem plantadas, até a comercialização dos produtos. Depois de 24 projetos visitados nos estados do Pará, Tocantins, Mato Grosso, Rondônia e Acre, pode-se retirar algumas considerações.

Mots-clés

agriculture familiale, écologie forestière


, Brésil

dossier

Systèmes agroforestiers : écologie et production

Commentaire

Através deste estudo, pretende-se melhorar as possibilidades de sucesso de futuras iniciativas, identificando enfoques e estratégias que contribuirão para a sustentabilidade da Amazônia. Também pretende-se nortear as políticas públicas que visem implementar o uso sustentável de recursos naturais, a partir da reutilização de áreas já desflorestadas. Assim, pode ser possível reduzir a pressão sobre a floresta pelas atividades agropecuárias e madeireiras, assegurando melhores condições de vida para as populações locais.

Notes

Esta ficha foi elaborada pela equipe Rebraf, a partir de cópia integral de informações contidas em documento escrito publicado sob coordenação e responsabilidade do Convênio Embrapa-Cifor.

Contato Autor da experiencia : SABOGAL, César (Cifor); ALMEIDA, Everaldo (Convênio Embrapa/Cifor); SILVEIRA, Juliana (Convênio Embrapa/Cifor)

Organizaçao : Embrapa = Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, CIFOR = Centro para Pesquisa Florestal Internacional, IPAM = Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, MPEG = Museu Paraense Emílio Goeldi

Endereço-Contato : Embrapa Amazônia Oriental, Trav. Dr. Enéas Pinheiro, s/n, CEP 66095-100 Belém – Pará – BRASIL - Fone/fax : (+ 55 91) 276 9539 / 0041 - ciforbel@interconect.com.br - almeida@cgiar.org

Source

Livre

CIFOR-EMBRAPA. Revisão das Experiências de Recuperação de Áreas Alteradas na Amazônia Brasileira. In: www.cifor.cgiar.org/rehab/download/Nota%20divulgativ.pdf

REBRAF = Rede Brasileira Agroflorestal ((Institut Réseau Brésilien Agroforestier)) - Cx. P. 6501, cep. 20072-970 Rio de Janeiro, Brésil - Brésil - www.rebraf.org.br - info (@) rebraf.org.br

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