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Produtores de bananas no Estado de São Paulo adotam novamente técnicas tradicionais para evitar aplicação de agrotóxicos

Bananicultores convertem monocultivo de banana que gerava danos ambientais em sistema agroflorestal biodiversificado orgânico

Jean C. L. DUBOIS

11 / 2004

No Vale do Ribeira, perto de Sete Barras, no Estado de São Paulo, existe uma associação de pequenos produtores, bem organizada e progredindo no caminho certo: a Associação dos Amigos e Moradores do Bairro Guapiruvu (“AGUA”). Esta associação criou uma cooperativa (Cooperagua). Esta associação e esta cooperativa agregam 120 famílias, na sua maioria de famílias tradicionais de “povos da floresta” (Comunidades “caiçaras”). Essas famílias tinham abandonados seus sistemas agroflorestais de produção bananeira, no entanto, querem praticar novamente estas práticas tradicionais que não causavam danos ao meio ambiente. Eles começaram, recentemente, a produzir bananas ecológicas, sob a sombra de árvores. As bananas ecológicas recebem um selo de qualidade e são comercializadas pela cooperativa, principalmente na forma de bananas desidratadas. Nas terras dos membros da associação existem ainda bastante remanescentes da Mata Atlântica, além disso é uma área próxima ao Parque Estadual de Intervales.

Em abril de 2004, um membro da REBRAF visitou esta comunidade bem como os bananais de um dos agricultores da associação: o Sr. Geraldo Xavier de Oliveira. Até recentemente, os bananais do Sr. Geraldo eram manejados na forma de monocultivo adensado, a pleno sol e com freqüentes aplicações abusivas de agrotóxicos. Hoje, seus bananais encontram-se numa fase avançada de conversão para um sistema “silvibananeiro” muito biodiversificado, sem aplicação de agrotóxicos. Sr. Geraldo plantou, de forma esparsa nos bananais, o guapiruvu (guapuruvu; Schizolobium parahyba), uma grande árvore da família das leguminosas: trata-se de uma pioneira de crescimento muito rápido, formando uma copa a mais de vinte metros do chão e deixando passar bastante luz para as bananeiras! Na sombra das bananeiras, ele deixa formar a vegetação nativa espontânea, constituída principalmente por espécies medicinais, ocupando o “sub-bosque” e por espécies madeireiras nativas cujas sementes são trazidas por pássaros e pequenos mamíferos. Hoje no bananal do Geraldo, existem já mais de 40 espécies nativas por hectare, além das duas espécies plantadas (bananeira e guapuruvu)., Estas espécies são manejadas a cada ano, do qual retira a massa vegetal que servirá de adubo para as bananas, bem como também para outras de espécies de interesse do agricultor. Pequenas áreas dentro do bananal são mantidas e manejadas como “bancos de germoplasma” onde são preservadas matrizes de espécies florestais nativas. A madeira do guapiruvu é procurada pelas indústrias madeireiras para caixotaria e lâminas de compensados. Existe também o palmiteiro jussara (Euterpe edulis) que vem sendo manejado pelo agricultor, onde existe dentro dessa área, um local com muitas matrizes dessa espécie e que vem sendo implantado por todo o bananal que além de proporcionar uma sombra rala para as bananeiras o agricultor pretende deixá-las crescer para que comercialmente, seja vendida o suco da polpa do palmito.

Mots-clés

biodiversité, production agricole, agriculture durable


, Brésil

dossier

Systèmes agroforestiers : écologie et production

Commentaire

Antigamente, o Sr. Geraldo somente comercializava a banana (com resíduos de agrotóxicos!). Hoje, ele vende bananas agroecológicas certificadas, desidratadas. Num futuro próximo, ele terá a oportunidade de comercializar diversos produtos: banana ecológica in natura e desidratada, plantas medicinais, espécies frutíferas (que foram implantadas em pontos no bananal), cará-de-árvore (trepadeira com tubérculos aéreos comestíveis), suco da polpa do jussara e sementes de espécies florestais nativas para programas de reflorestamento e, num futuro mais remoto, toras de madeira.

Tanto para o desenvolvimento do sistema agroflorestal como também para o beneficiamento e a comercialização de plantas medicinais, os membros da AGUA contam com o apoio de uma ONG regional (a PROTER: Programa da Terra) sediada a uma hora de carro de Sete Barras.

A técnica desenvolvida pelo Sr. Geraldo não exige investimento pesado, possibilitando dessa forma sua difusão em maior escala no domínio da Mata Atlântica, principalmente porque existem ainda muitos agricultores que cultivam a banana no modelo convencional, trazendo aumento da renda familiar e efeitos benéficos para o meio ambiente, principalmente no que se refere às reservas da água potável e biodiversidade de fauna e flora.

Source

Entretien

PESSOAS ENTREVISTADAS: OLIVEIRA Geraldo Xavier de. (Relatos de Monitoria Agroflorestal), OHTA Gilberto (Presidente AGUA), COSTA JR. Edgar Alves da. (Sistematização da Experiência)

DATA DA ENTREVISTA: 2004/11

ÓRGÃO-CONTATO: AGUA= Associação dos Amigos e Moradores do Bairro Guapiruvu

ENDEREÇO-CONTATO: Rua Alexandre A. Morais 98, cep. 11910-000 Sete Barras, SP., BRASIL Tel =  + + (55) 13 3872 1276

OUTROS CONTATOS: Armin Deitenbach - PROTER, Cx.P. 131, CEP 11900-970, Registro, SP. Tel/fax: + + (55) 13 3821 1683. E-mail: programadaterra@uol.com.br

REBRAF = Rede Brasileira Agroflorestal ((Institut Réseau Brésilien Agroforestier)) - Cx. P. 6501, cep. 20072-970 Rio de Janeiro, Brésil - Brésil - www.rebraf.org.br - info (@) rebraf.org.br

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