COCAMABE - 3

Avaliaçao pelos próprios

Em 1982, començamos a fornecer pequeno mobiliàrio maciço a um distribuidor nacional de artigos de casa de banho e algun anos mais tarde foi transferida da Suécia para a Cocamabé uma linha de artefactos do mesmo tipo, que exportàmos para Inglaterra. Era-nos exigido um alto grau de acabamento. Nós aproveitamos a oportunidade e tomamos a opção da qualidade. Os nossos cooperantes fizeram a sua formação no mobiliàrio artesanal, que exige perfeição e é fabricado em pequena séries. O nosso negócio é fabricar e vender mão de obra incorporada na madeira de pinho. O tabalho de qualidade é fonte de realização e satisfação de quem o executa, com incidências no clima de toda a empresa. Para nós constitui um capital investido, juntamente com outros, que faz parte da nossa essência. Recusamos todas as encomendas que exijam qualidade. Temo-nos dado bem com esta política, porque não nos tem faltado trabalho, mesmo em momentos de crise. Também nisso fomos seguidos por alguns colegas fabricantes.

No quadro das PMEs, a Cocamabé é uma empresa de sucesso, se tivermos em conta que o seu ùnico capital é o trabalho. Passàmos momentos de grande aflição, com levantamentos em atrazo, como muitas outras empresas. Conseguimos sobreviver e posteriormente, após uma reorganização interna e acerto de objectivos, a empresa començou a ser rentàvel. Nos ùltimos três anos temos gerado bons lucros e feito bastantes investimentos.

A boa saùde económica reflete-se no comportamente das pessoas. tempos houve em que sócios viviam na insegurança, as relações eram agressivas, falhas de confiança, as pessoas eram menos felizes e a rentabilidade era menor. Hoje, o clima é dum real bem-estar. Ao contràrio do que acontecia, tem havido estabilidade na direcção, reflexo da boa relação entre sócios e por sua vez também factor gerador de confiança da parte dos clientes e fornecedores.

Avaliaçao do Relator

Trata-se efectivamente dum caso em que um grupo de trabalhadores, em situaçao de despedimento, consegue vencer a crise e criar uma dinâmica de desenvolvimento. O arranque da cooperativa fez-se discutindo a organização e a gestão da empresa anterior e do que era necessário fazer para evitar a repetição dos mesmos erros. Dessa discussão surgiu uma mudança na produção o que exigiu adaptações importantes. Rápidamente se verificou que os trabalhadores tinham maior motivação para fazer trabalho bem feito. Outras mudanças se verificaram em que o desejo de fazer trabalho de qualidade, de realização profissional e pessoal foi determinante. O metodo participativo utilizado no funcionamento da cooperativa funciona como un processo formativo de grande eficácia, aumentando a competência dos trabalhadores, não só na sua àrea técnico-profissional, mas na comprensão global da empresa e sua gestão.

O método de gestão não é suficiente, contudo, para eliminar tensões - o modelo dominante e a sua cultura estabelecendo grandes diferenças a nivel dos salàrios e do posicionamento hierárquico, exercem uma grande pressão dentro da cooperativa. O seu desenvolvimento poderá obrigar ao recrutamento de técnicos que não aceitam o nivel igualitàrio de salàrios praticado na cooperativa. isto pode vir a revelar-se uma importante condicionante da expansão prevista.