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COCAMABE - 2

Funcionamento da empresa

Alessio SURIAN

07 / 1993

Actividade

A actividade permanente da cooperativa tem sido a da produção de diverso tipo de mobiliàrio em madeira de pinho e madeira exóticas. No inicio produziam camas de bébé, depois moveis para o lar (camas, mesas, cadeiras, armàrios), actualmente também mobiliàrio escolar. A cooperativa situa-se numa zona industrial mas onde existem muitas pequenas fàbricas de mobiliàrio, com salàrios e productividade muito baixos, sendo frequente o desemprego por falências.

Composição

Em 1993 hà 34 pessoas que trabalhan na Cocamabé, 27 homens, a maioria deles com mais de 25 anos. Hà 7 mulheres, 2 nos escritórios e 5 na produção o que é uma inovação importante na cooperativa e, sobretudo, na região. A maioria dos homens têm até 9 anos de escolaridade, enquanto a maioria das mulheres têm 6 anos de escolaridade. Quatro sócios têm mais de 11 anos de escolaridade.

Organização

Existem 5 àreas ou sectores de actividade:

administrativo/financeira; social; de compras (aprovisionamento); de vendas (comercial); da produção.

Cada sector tem um coordenador responsàvel que assegura o seu funcionamento corrente. Sempre que surja algo de especial pertence-lhe ainda a decisão, ouvida a opinião de 2 membros da direção trabalhando em sectores afins. O sector da produção està organizado em equipas de trabalho, cada uma com um coordenador e frequentes curtas reuniões de equipa. No ùltimo dia de cada mês, hà sempre uma reunião geral de trabalhadores da cooperativa onde se faz a avalição dos resultados e anuncia o plano do mês seguinte. A cooperativa é dirigida por 1 colectivo de 5 membros, eleitos cada 2 anos, em assembleia geral. Reune-se de 15 em 15 dias para decisões correntes, em ordem à execução do plano. A médio e longo prazo, as grandes decisões são tomadas na assembleia anual. As grandes mudanças que se têm verificado dentro da cooperativa - a nível do seu crescimento, da introdução de novos meios tecnológicos na produção e na gestão, ou no sistema de remunerações resultam de um proceso de estudo e discussão, por fases, envolvendo toda a cooperativa.

Remunerações

Em 1983 o plenàrio votou a igualdade de levantamentos para todos os sócios. Os novos trabalhadores, que ainda não são sócios, são pagos de acordo com a contratação colectiva de profissão, cujos salàrios são, em geral, inferiores aos actualmente praticados na Cocamabé. Este sistema tem igualmente obrigado a cooperativa a investir na formação dos seus trabalhadores para melhoria permanente da capacidade de organização e gestão. No exterio, os quadros em geral, têm níveis de remuneração mais elevados que na cooperativa e acontece, periódicamente, que trabalhadores formados acabam por saír, para outras empresas.

Comercialização

Das camas de bébé no início passaram depois aos móveis para o lar, em séries muito pequenas, e aceitavem igualmente encomendas por medida. Em 1981 iniciaram o fabrico de mobiliàrio escolar a pedido da autarquia local. A partir desse momento, investem progressivamente nesse segmento de mercado, a nível do desenho e duma certa diversificação da oferta de modelos. Outros produtos ou diferentes modelos foram sendo introduzidos com base na discussão com clientes e em adaptações de ideias próprias. Foi pioneira na região na utilização do pinho nacional.

A cooperativa teve uma expansão relativamente rápida nos primeiros anos. Face à incerteza do mercado, numa altura de crise económica, decidem investir no aumento da produtividade com melhoria da organização interna e da gestão, fazendo apelo à formação profissional e à introdução de novas tecnologias. Iniciam-se na exportação, extremamente exigente a nível de preços e de qualidade. Ràpidamente, têm que tomar a decisão de não se deixar absorver por esse novo mercado, procurando manter-se nas séries pequenas e guardando a clientela nacional. A exportação não ultrepassa assim 1/3 do seu volume de produção. A facturação duplicou nos ùltimos 4 anos passando de cerca de 55.000 contos em 1989 para 110.000 em 1992.

Inserção no meio

A Cocamabé foi a principal dinamizadora da Associação dos Amigos do Rio Ferreira, que se tem dedicado ao levantamento histórico, cultural e defesa de interesses da população da bacia do Rio Ferreira, nomeadamente de natureza ecológica. Tambem apoiou a criação e depois a consolidação da cooperativa FLOCO que se dedica à hortofloricultura e é constituída por 10 mulheres fazendo parte dos 1.700 desempregados dume importante fàbrica da zona. Deu também apoio ao lançamento da cooperativa PSE, constituida por desempregados da empresa acima referida, em colaboração com o Município local. Conjuntamente com as autarquias e outros interessados, empenhou-se em reactivar a cooperativa Coldouro, e a recuperà-la para fins eminentemente sociais. A cooperação com a Câmara Municipal de Valongo tem sido constante e eficaz, sendo a Cocamabé fornecedora assídua desta e dela tendo recebido todo o apoio necessàrio.

Como cooperativa apoiou a constituição duma Federação de Cooperativas de produção - a Fincoop - com sede em Lisboa. Entretanto, face a uma politica de desenvolvimento que lhe parecia ir contra o espirito e interesse cooperativo, não deixou de criticar essa orientação e, actualmente, integra um grupo de cooperativas que tenta retomar a boa direcção e sair de situação de falência em que a Federação se encontra. Todos os anos a Cocamabé organiza uma festa com participação de representantes de muitas cooperativas e de instituições locais.

Palabras claves

cooperativa, artesanía, tecnología, empresa, democracia


, Portugal, Valongo

Fuente

Otro

SEIES=SOCIEDADE DE ESTUDOS E INTERVENÇAO EM ENGENHARIA SOCIALE, 1993 (PORTUGAL)

IRED NORD (Innovations et Réseaux pour le Développement) - Via Tacito 10. 00193 ROMA. ITALIA. Tel (19)39 6 320 78 49. Fax (19)39 6 320 81 55. E-mail irednord@geo2.poptel.org.uk - www.ired.org

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