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diálogos, propuestas, historias para una Ciudadanía Mundial

A agricultura INsustentável no Brasil

Clàudia PETRINA

08 / 1993

Nos últimos 30 anos, a agricultura brasileira passou por profundas transformaçoes. De acordo com o modelo de desenvolvimento que se impôs no país, apartir da "soluçao" política impetrada pelas elites com o golpe militar de 1964, implantou-se de forma articulada, políticas de desenvolvimento agrícola de duas ordens: projetos de colonizaçao no Norte e no Centro-Oeste do país e o chamado pacote tecnológico da "Revoluçao Verde", predominantemente nas regioes sudeste e sul. Este último, concebido no primeiro mundo como capaz de conduzir a produçao agrícola a níveis inusitados de produtividade, através da intensa utilizaçao de maquinária pesada (tratores e demais implementos agrícolas), sementes melhoradas e insumos químicos (fertilizantes e agrotóxicos).

Para a viabilizaçao desse processo, que ficou conhecido como "modernizaçao conservadora", combinaram-se alguns fatores, além da garantia de "paz para produzir" oferecida pelo regime militar. Em primeiro lugar, destaque-se a intervençao governamental em favor do padrao de modernizaçao tecnológica da "revoluçao verde", por via dos instrumentos de política agrícola, especialmente o crédito rural farto e subsidiado ofertado para os produtores que se enquadravam naquele padrao. Em segundo lugar, deve ser lembrada a favorável situaçao das "commodities" agrícola no mercado internacional até o início dos anos 80. Por último ressalte-se a consolidaçao do complexo agroindustrial (CAI)no país, processador de alimentos, que veio efetuar verdadeira revoluçao nos hábitos e padroes alimentares dos brasileiros.

Nos anos 80, ao contrário da década anterior, deixa de existir uma linha definida de política agrícola. Os incentivos a algumas culturas e os desestímulos a outras sao definidos pelo poder de "lobby" dos produtores mais capitalizados e pela realidade momentânea e imediata que antecede cada safra. Registre-se, ainda, a crescente perda da capacidade de financiamento, pelo Estado, e a queda dos preços no mercado internacional, além do estreitamento do mesmo, provocado em grande parte pelas políticas protecionistas dos países do primeiro mundo.

Os instrumentos de política agrícola(crédito, preços mínimos de garantia, pesquisa e extensao rural)usados neste período, foram sempre direcionados de forma seletiva, dirigindo-se prioritariamente para os grandes produtores, para as regioes mais ricas do país e para determinadas culturas agrícolas, com a finalidade de produzir para o mercado externo e para a agroindústria. No outro extremo, os produtores mais pobres ficaram relegados às piores terras, sem possibilidade de acesso às modernas técnicas de produçao, buscando produzir para a subsistência ou destinando, com enormes dificuldades, seus pequenos excedentes para mercados urbanos, onde a baixa renda dos assalariados obrigava-os a ofertarem tais produtos a preços, também, bastante baixos.

Desta forma, um dos resultados da "modernizaçao conservadora" foi uma profunda alteraçao nas relaçoes de produçao no campo, através da expulsao de grandes contingentes de antigos pequenos proprietários ou moradores das fazendas; a integraçao forçada da produçao familiar às agroindústrias; a generalizaçao da figura do trabalhador volante("bóia-fria"), sem vínculos empregatícios com as empresas rurais onde trabalhava e o rompimento de contratos de parceria e arrendamento. Estas modificaçoes deram margem, também, à atraçao de pequenos produtores do sul pelos projetos de colonizaçao na fronteira agrícola, patrocinadas pelo governo federal.

Palabras claves

política agrícola


, Brasil

Comentarios

O problema da concentraçao de terra aumentou ainda mais com a implementaçao da "modernizaçao conservadora" e com a ausência de um programa amplo de Reforma Agrária. Ao contrário, com a derrota e repressao dos movimentos sociais organizados, a partir de 1964, realizou-se uma reforma agrária "às avessas", com a facilitaçao da compra de grandes áreas de terras para grupos econômicos poderosos, ligados ao capital financeiro e industrial, o que gerou a ampliaçao das desigualdades sociais no campo brasileiro.

Notas

Texto escrito como contribuiçao à Conferência de Agricultura Sustentável em Mulheim, Alemanha.

Fuente

Artículos y dossiers

MENEZES, Francisco, IBASE=INSTITUTO BRASILEIRO DE ANALISES SOCIAIS E ECONOMICAS, 1993/08 (BRAZIL)

IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas) - Av. Rio Branco, nº 124, 8º andar - Centro - Rio de Janeiro - CEP 20040-916 BRASIL- Tel: (21) 2178-9400 - Brasil - www.ibase.br - candido (@) ibase.org.br

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