A partir de breve olhar para turmas de Educação Básica de Jovens e Adultos observo alunos adolescentes, jovens e adultos e educadores inquietos, de baixa auto-estima que insistem e persistem em fazer parte desse mundo, vejo a escola ainda apresentando-se como uma das poucas referêcias, já que a família, o trabalho e até mesmo a galera não respondem pela ânsia de ser sujeito dessa história.
Quem Sou Eu? Para onde vou? Que caminho seguir? São perguntas feitas tanto pelo aluno como pelo educador e pela própria escola.
Algumas falas de alunos educadores que guardei em minha memória, revelam elementos importantes para esta reflexão: "Foi bom o encontro, porque aqui a gente pode falar. Lá na escola a gente não fala, não é permitido".
" ... aqui na escola as professoras não têm autoridade, porque a diretora não aceita o que elas fazem..."
"... o caminho que eu encontrei para motivar os alunos foi escutá-los.
Então eu descobri que eles são capazes e passei a confiar neles".
"... diante dessa situação eu pedi ao aluno para ele passar um tempo sem ir a escola, porque eu temia que fossem matá-lo dentro da escola e também toda a turma estava falando que não ia mais a escola se ele voltasse. Sabendo que a comunidade fica agitada mas depois esquece, tomei essa atitude".
" ...Eu faço tudo, me mato, mas os alunos as 21:30 hs querem sair da sala de aula, vão embora!
"... Este ano eu não disse as notas das provas aos alunos para evitar a desistência deles, pois quando tiram notas baixas desistem logo, abandonando a escola antes de serem reprovados".
Transformação Social, Construção da Cidadania, Democracia não é fácil viver o significado dessas palavras, nos discursos de educadores e alunos já fazem parte, mas a prática ainda é de autoritarismo, do desrespeito, da repetição, da monotonia, da solidão.
A estrutura organizacional da Escola não consegue atender às demandas de alunos e professores da EBJA (Educação Básica de Jovens e Adultos, as informações não chegam, a direção é ausente, os serviços (biblioteca, secretaria, etc..)a maioria das vezes não funcionam no horário noturno. Aliada a esta realidade encontramos a maioria dos educadores em sua terceira jornada de trabalho e consequentemente: cansados, não conseguem ser assíduos, atentos, motivados, alegres e criativos e assim, mesmo sendo oferecidos capacitações regulares, espaços outros de atualização a escola continua sem cumprir sua função educativa.
Algumas experiências de educadores que tenham considerado os quereres dos alunos apontam atividades artístico-culturais como um estratégia de mobilização para a aprendizagem e a produção de conhecimentos. A aula acontece fora dos muros da escola e assim ampliam-se os horizontes e as oportunidades do parender.
Nos debates mais amplos volta com bastante força a questão da formação para o trabalho. Como a escola pode contribuir nesta área com maior agilidade e concretude?
A demanda da EBJA, não espera acontecer, faz acontecer se bem que muitas vezes não seja pelo caminho do crescimento e da vida.
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, Brasil, Pernambuco
Estimular o registro e a sistematização de experiências pedagógicas
Angela integra o Coletivo de Educadores de Jovens e Adultos de Pernambuco e faz parte da comissão de interligação desse Coletivo. Hoje trabalha na assessoria técnica da Secretaria Municipal de Educação de Cabo de Santo Agostinho.
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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