Muitas vezes me surpreendo com o processo de aprendizagem desencadeado a partir da utilização de uma metodologia que busque o desenvolvimento do raciocínio das pessoas.
Foi ontem que vivíamos em nossas escolas a educação bancária. E hoje, em muitas escolas observo que o uso de metodologias participativas tem trazido luz ao aprendizado, tanto de crianças e jovens como de adultos.
E é interessante observar que outras experiências fora da educação básica têm se utilizado destas metodologias para capacitar vendedores, juízes, empresários, advogados, etc.
Por mais que inventemos técnicas, misturemos métodos sempre estes caminhos são utilizados em diversas experiências diferentes, e muitas vezes com grande sucesso.
Ao mesmo tempo, vemos em nossas escolas públicas uma grande resistência do professorado em mudar, sair do caderninho de aulas iguais, utilizando a mil séculos atrás da mesma maneira. Principalmente se o professor já tem certa idade, sua resistência à mudança é enorme.
Para nossos jovens isso é uma grande perda neste mundo globalizado, onde tudo passa em um segundo, onde as informações invadem a cada instante nossas casas, enchendo nossas cabeças de coisas muitas vezes sem importância, e ao mesmo tempo discutindo assuntos sérios apenas superficialmente.
Como separar o importante do fútil? O que me interessa saber se a princesa do Reino Unido está usando roupas mais sexys? qual a importância de Carla Perez (dançarina brasileira)ter segurado seu material de trabalho por x milhões?
É por isso que considero fundamental que todas as pessoas tenham direito a aprender de forma integral, utilizando seu potencial máximo para poder pensar e ter condições de interferir no seu destino.
Tenho visto muitos educadores se ressentirem da utilização de "suas" metodologias educacionais fora da escola. Concordo em parte, pois temos que estar de olho no objetivo dessas "usurpações". Mas não existe carimbo de dono nestas formas de trabalhar.
A princípio, creio que ajudar os outros a pensar, qualquer que seja o objetivo inicial (político, econômico, etc)é um tiro no escuro. - Quando penso, ajo da minha maneira, pela minha cabeça. Claro que temos exceções, mas será que não vale arriscar?
Quantas vezes dizemos - Esse cara me surpreende! De vaso ruim flor boa não cresce, mas esse aí, é um estouro!
Talvez seja importante que um vendedor aprenda a ver o mundo diferente através de uma poesia de Drummond, de uma música de Cazuza, de uma canção de amor de Gonzaguinha. E se esse vendedor acredita no que faz, num mundo onde acreditar cada vez é mais difícil por que não investir para que ele aprenda mais e melhor?
E aquele aluno, do curso de alfabetização da associação de moradores do bairro, que tem uma postura não muito legal no seu trabalho, mas com a metodologia usada no seu curso está aprendendo a ver o mundo com outros olhos, está conseguindo separar o discurso do candidato a vereador (vazio)do que realmente é importante para o bairro, não vale a pena investir nele?
Que venham todas as metodologias que façam-nos pensar, errar tentando acertar, refletir a nossa postura diante do mundo e das informações que nos cercam, para que nós atuemos conscientemente nas nossas relações de trabalho, nas famílias, nos bairros, na nossa vida.
Talvez essa seja uma visão simplista, mas acho que temos caminhos para tentar mudanças, caminhos até pequenos, que não alcancem grandes modificações, mas que sejam mudanças conscientes, refletidas que nos tornem melhores serem humanos.
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, Brasil, Recife, Pernambuco
Estimular o registro e a sistematização de experiências pedagógicas
Margarida faz parte do Coletivo de Educadores de Jovens e Adultos de Pernambuco e integra a Comissão de interligação desse Coletivo.
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
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