A educação no nosso país tem se mostrado ineficiente na formação de seus cidadãos, partindo mesmo da educação de suas crianças e jovens, isso se considerarmos a educação como o instrumento imprescindível na formação de homens livres e conscientes, e por isso mesmo, participantes no processo social.
Os educadores responsáveis, que passaram por esta educação deficiente, têm procurado alternativas para superação das suas dificuldades, muitas vezes buscando sua própria autoformação através de leituras, estudos, capacitações.
Nessa busca surge uma grande dificuldade que é lidar com o próprio desejo de ser mais criativo, despertar o desejo, a curiosodade de seus alunos, o prazer de descobrir a leitura, a lógica do cálculo, o gosto pela história do próprio povo.
Muitas vezes as linguagens expressivas são a salvação: o teatro, a música, as oficinas de leitura, tudo é como uma caixinha de mágicas. De repente, sai um coelho da cartola, um lenço colorido esvoaçando pelas mãos do mágico vira um passarinho. E está salva a aula que antes prometia ser um "saco".
Mas por que o aluno continua não indo à escola? Não gostando de assistir a aula dessa professora tão criativa? Ou mesmo indo à aula, mas cochilando no fundo da sala? Ou mesmo gostando, mas participando pouco?
Não basta valorizar estas outras formas de aula para que o aluno se interesse e participe das aulas. O que vemos são alunos passivos, desinteressados, distraídos.
E nós, educadores, batemos no peito: mea culpa, mea culpa!
Será apenas nossa a culpa?
Na atual conjuntura estamos lidando com uma gama variada de interesses. O poder dominante quer realmente homens políticos? O discurso diz que sim: "o homem na conjuntura neo-liberal tem que ter no mínimo dez anos de escolaridade para conseguir emprego, participar da sociedade".
Mas quais as condições que são dadas para esse homem? Escolas sucateadas, professoras mal remuneradas, mas capacitadas, pouco material didático e de má qualidade, falta de empregos para garantir a sobrevivência da família estudante, saúde pouca, comida pouca, etc.
A lista é enorme, o que falta é muito, mas na visão imediatista do mundo a culpa muitas vezes é assumida por nós, que fazemos greve, que não somos eficientes para segurar o aluno na escola.
Teríamos que ter tempo e estrutura para nos capacitarmos para a eficiência, para construirmos novos caminhos de formação e auto-formação mais concretas, mais completas.
A educação como é hoje deforma, nos torna meras marionetes que dançam conforme a música, o show do momento.
Temos que encontrar formas de superar todos esses anos de deformação deficiente, sermos sujeitos de nossa própria história, na busca pela nossa formação muito mais eficiente, lúcida, criteriosa.
Isso demanda um investimento de tempo para estudar e experimentar, pensar e elaborar, registrar e sistematizar.
Isso demanda também um investimento na curiosidade, no perguntar sempre, mesmo sem saber se saberemos as respostas.
educación popular, educación
, Brasil, Recife, Pernambuco
Estimular o registro e a sistematização de experiências pedagógicas
Margarida faz parte do Coletivo de Educadores de Jovens e Adultos de Pernambuco e integra a comissão de interligação desse Coletivo.
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Texto original
SAPÉ (Serviços de Apoio à Pesquisa em Educaçào) - Rua Evaristo da Veiga, 16 SL 1601, CEP 20031-040 Rio de Janeiro/RJ, BRESIL - Tel 19 55 21 220 45 80 - Fax 55 21 220 16 16 - Brasil - sape (@) alternex.com.br