A história de Francivaldo Duarte de Sousa
08 / 1996
Brasil, final da década de 70. A reorganização dos movimentos sociais, após um período de ditadura militar, surge entre metalúrgicos na região do ABC Paulista, na grande São Paulo. Quase 70 mil operários entraram em greve de repercussão nacional, representando o Sindicato dos Metalúrgicos tendo como um dos objetivos pressionar os empresários para melhoria de suas condições de vida e de trabalho. Dentro deste contexto, que acelerou o processo de abertura política, nomes como o de Luís Inácio da Silva (Lula)e do Partido dos Trabalhadores começaram a fazer parte do vocabulário do dia-a-dia do brasileiro.
Neste período histórico para o movimento popular no Brasil, Francivaldo Duarte, o Vavá, era soldador de uma das metalúrgicas desta região e fazia parte do Sindicato compondo o quadro de diretores.
Para ele, o momento pedia um movimento mais forte, com mais reivindicações e passeatas. "Fizemos muitas reivindicações nesta época de repressão e a gente ia pra rua. O movimento era mais forte que hoje."
A solidariedade era um ponto presente na categoria. As pessoas se engajavam, criavam caixas de recursos para compensar as perdas durante as paralizações, as famílias mais lesadas pela greve recebiam donativos, alimentos, remédios. Vavá, vem de um movimento reforçado pela redemocratização, onde o país vivia um momento de articulação entre os movimentos sociais, muitos deles, de confronto direto com o Estado.
Vavá transferiu-se para Fortaleza, Ceará, continuando a luta dentro do Movimento Popular através da União das Comunidades da Grande Fortaleza - UCGF, acompanhando famílias nos processos de ocupação de terreno - uma forma de se pressionar o poder público para obtenção de moradia -. Nesses processos, esteve presente juntamente com 800 famílias para a ocupação de um terreno na Av. Leste Oeste a 10km do centro da cidade, no dia 12 de fevereiro de 1993, local onde iria também conquistar a sua moradia.
Em 13 de janeiro de 1995 fundou junto com outros companheiros a Associação dos Moradores da Lagoa Funda - AMOLAF.
Após algumas visitas no Gret e Cearah Periferia, ele teve conhecimento da existência do Curso de Planejamento Urbano e Pesquisa Popular e logo se interessou em participar pois sentia a necessidade de aprender a elaborar projeto para a melhoria das condições de habitabilidade de sua comunidade. Dentro do Curso, aprendeu como promover mudanças dentro da comunidade, através de projetos de desenvolvimento dentro de uma visão menos radical proporcionando abertura para a negociação. O Curso lhe proporcionou uma maior integração com outras comunidades através do intercâmbio de experiências que ajudaram a assimilar idéias para a organização dos moradores e suas lutas através da geração de emprego e renda por meio de parcerias.
Como fruto de trabalho de pesquisa, na finalização do Curso, ele fez o resgate da história da ocupação transformando-a em uma cartilha para a sistematização e difusão das informações de suas lutas gerando uma maior identidade dos moradores e registrando momentos que comporiam a vida do bairro.
Hoje, com a construção das casas no regime de Muitrão juntamente com o Governo do Estado, Vavá tem planos depois da finalização do muitrão para conquistar melhorias para outras comunidades, além da moradia.
lucha contra la pobreza, lucha por la tierra
, Brasil, Fortaleza
A trajetória de vida de um militante do Movimento Popular requer mudanças após avaliações e reflexões sobre o diagnóstico atual do contexto de lutas por melhores condições de vida. Vavá teve a sensibilidade de capatar isso e apostou na capacitação como crescimento de sua proposição junto a setores públicos para se obter seus direitos e poder exercer dignamente seu papel de cidadão.
Entrevista com DUARTE, Francivaldo
Entrevista
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