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diálogos, propuestas, historias para una Ciudadanía Mundial

Os comitês de terra urbana

Héctor Madera

2009

Nós, os Comitês de Terra Urbana (CTU), somos um movimento de Moradores que, em nossa política, contemplamos três eixos temáticos: os Inquilinos, os Zeladores e os Pioneiros, além da construção do socialismo como elemento transversal a esses três eixos. Nós dos CTUs fomos reconhecidos pelo Governo Revolucionários Venezuelano no dia 4 de fevereiro de 2002, mesmo quando nossa luta pelo direito à cidade já levava décadas.

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Nossa função “…tal como se desprende do decreto do projeto Especial para a Regularização da Propriedade da Terra em Assentamentos Urbanos Populares e seus desenvolvimentos posteriores, aponta para a definição de um Programa de Transformação e Democratização da cidade, desmantelando as dinâmicas de segregação espacial que implicam que mais de 60% da população do país viva em assentamentos humanos precários. Isso através da regularização integral dos bairros, que supõe, como tarefas:

1. A regularização jurídica, democratizando a propriedade e brindando a segurança jurídica aos moradores das comunidades populares, convertendo em ativo os únicos bens com os quais contam milhões de famílias.

2. A regularização urbanística, estabelecendo regularizações e normas de convivência a partir do reconhecimento da idiossincrasia de cada comunidade, sem que isso signifique deixar de considerar sua relação com o resto da cidade, apontando para um processo constituinte e ao autogoverno comunitário. O instrumento fundamental deste processo é a Carta do Bairro.

3. A regularização física, que vai mais além da simples infraestrutura, pois supõe melhorar as condições de vida nos bairros, garantindo serviços, suprimentos e equipamento, mas também implica alcançar seu desenvolvimento sustentável e integral, promovendo sua revalorização produtiva, a saúde, a educação e o abastecimento, etc.” (1)

Para colocar estas funções em prática, contamos com uma organização aproximada de mais de 7000 CTU a nível nacional e na área Metropolitana de Caracas, com 1200 CTU, estruturados em três níveis: Paroquial, Municipal e Estatal, sendo que cada uma destas organizações, em nossas poligonais, constituem-se de 150 a 300 famílias. Como assinalamos em linhas anteriores, os CTU somos um baluarte para a Revolução Bolivariana, já que de nossos bairros organizados partimos para a implementação de outras organizações de base. Concebemos o Cadastro Comunitário e Popular, aplicando todo o rigor cadastral, já que os bairros não existem na lógica cadastral governamental tradicional quarta republicana. Do mesmo modo, o cadastro em nosso país é responsabilidade da Cartografia Nacional, a qual delega a responsabilidade às administrações municipais e a quem a lei faculta para realizar cadastro. Antes da Quarta República, nenhum bairro autoconstruído podia estar regulamentado. Todo o aparato jurídico burguês foi pensado para que não existamos cadastralmente, e é por isso que nossas comunidades organizadas, com a anuência do governo central de Hugo Chávez, puderam instrumentar uma proposta a partir do segundo Governo do atual governo. É quando as entidades governamentais começam a dar os primeiros passos incorporando os saberes comunitários com o rigor da Cartografia Nacional. As administrações municipais, no entanto, não reconhecem o cadastro comunitário realizado pelas comunidades, salvo algumas exceções.

Os três eixos

Movimento dos Zeladores: Este movimente duplamente vulnerável, uma vez que quando se perde o emprego, perde-se também a moradia, caindo a um nível de quase escravidão. Isso porque a exploração a que nós, os zeladores, somos submetidos (as) é desumana, pois trabalhamos mais de 12 horas ou, em alguns casos, até 15 horas. Tal abuso é contrário a legislação vigente no país, porém, dentro da lógica capitalista, aquele que diga algo ou denuncie, está fora do mercado de trabalho. Não obstante, a organização do nosso movimento tem evoluído a respeito para mudar esta situação. Sabemos que não é uma problemática jurídica, mas sim política e, portanto, lutamos em todos os espaços, buscando a articulação como o movimento de moradores.

Movimento dos Inquilinos. Montamos no país uma rede anti-despejos e em Caracas, onde funciona melhor, muitos já foram evitados através da rede. Aconteceram alguns casos, no entanto, uma vez não houve tempo para ativar a rede onde os despejos estavam ocorrendo.

Fizemos então uma proposta ao Prefeito de Caracas, com base em nossa experiência e nas contribuições de lutas em outras latitudes, com a finalidade de que se elabore um decreto ou ordenança anti-despejos forçados. No entanto, com tal decreto, a oligarquia mediante a ação dos tribunais, concretizou medidas de despejos. Com efeito, na Venezuela os poderes estão separados e gozam de autonomia, mas o poder judiciário até o momento tem estado na sua maioria nas mãos de oligarcas e responde a essa lógica de poder. Para que a população se revolte contra o governo, estão fortalecendo os despejos em Caracas e o Prefeito da cidade – que é do processo revolucionário – aceitou uma proposta que fizemos em conjunto com o movimento dos moradores: um decreto anti-despejo em Caracas. O decreto é claro: proíbe o despejo na cidade. As contradições, contudo, estão presentes nesse processo de mudança e os oligarcas são omissos ao decreto quando nós os pobres não nos articulamos. Somente a organização nos dá paz e tranqüilidade diante do atropelo dos opressores culturais e nos ampara diante da segregação política e da exploração econômica.

Movimento dos Pioneiros. Propõemse três pontos:

• Recuperar terrenos ociosos, baldios ou de edifícios abandonados para conseguir moradia e construir uma nova cidade.

• Formação e capacitação de todo o movimento de pioneiros (as).

• Elaboração de propostas e parcerias com a SELVIP e outras organizações.

O fato nos fez bem acima de tudo por todo o legado que a sociedade dividida em classes nos nega e pelos preconceitos que sofremos dessa mesma sociedade. As mudanças são difíceis, mas as alcançaremos, já que estamos em tempos de mudança de era. Na Venezuela e em muitos outros países os povos começam a entender o fracasso do sistema capitalista. Tal sistema vem negando a humanidade, uma vez que o centro de sua proposta é a acumulação, sem dar importância aos que nada tem, nem aos que morrem para assegurar os grandes lucros e a óbvia reprodução do sistema. O único antídoto é viver em comunhão e harmonia com a mãe natureza.

1 Retirado do Cuaderno democratización de la ciudad y transformación urbano, novembro 2004, pág. 3 do CTU

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