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Um exemplo de ação de desenvolvimento comunitário : A “Cité Lys” em Lille

François LEGRIS

05 / 2005

O contexto

A “Cité Lys” foi construída em 1886. Planejada por Jean Baptiste LYS, próxima da Usina de Fives e de outras empresas menores, sua origem reside na necessidade de alojar um grande número de operários perto do local de trabalho.

Localizada no bairro Fives à proximidade imediata do centro e dos principais comércios e equipamentos de bairro (prefeitura, correio, biblioteca, grupos escolares…), a “cité Lys” é um bloco habitacional de setenta casas. Ela é dividida em seis fileiras paralelas de dez casas costas com costas e de duas fileiras de cinco casas perpendiculares às outras. Uma faixa para pedestres cujo uso é público permite o acesso às casas por duas ruas adjacentes. As casas têm 3 pequenos cômodos sobrepostos, cerca de quinze casas são feitas com agrupamento de 2 casas.

A « Cité Lys » era apontada como área sensível, com uma degradação social conjugada a um forte rejeito da construção civil. Área de moradia refugo, a « Cité Lys » enfrentava conflitos de classe social, de nacionalidade, de gerações, problemas de droga e roubo, a presença de vendedores de sono… de tal maneira que as instituições e serviços públicos renunciaram as intervenções e sua destruição estava planejada.

Desenvolvimento do projeto

Em 1988, a fim de inverter esta situação, a Antena Est do PACT de Lille iniciou uma ação de desenvolvimento comunitário visando a :

  • Recriar uma vida social, graças à criação de uma associação de moradores « Lys Animation », à abertura de um local moradores e à execução de ações de participação coletiva.

  • Requalificar a moradia, limpar os espaços coletivos entulhados de barracões, remembrar e desenvolver uma gestão « hiper social » dos espaços em co-propriedade.

  • Desencravar o bairro com a criação de uma pracinha.

  • Lutar contra os proprietários pouco escrupulosos e os vendedores de sono.

  • Lutar contra as práticas de roubo e o tráfico de droga.

O processo elaborado consistiu em encontrar as famílias, trabalhar com os líderes, rua após rua, depois no nível do Bairro todo, abrir uma permanência, local de expressão e debate… A partir das preocupações conjuntas, a realização de ações de participação coletiva começou progressivamente. Este processo permitiu às famílias tomar consciência que era possível ganhar e dirigir juntos projetos, os sucessos sendo destacados com ações festivas.

A partir de 1989 reuniões coletivas estão sendo organizadas a fim de fazer participar a maioria de uma reflexão sobre os problemas de ordenamento. O PACT inicia atos significativos comprando duas casas em ruína a fim de reabilitá-las e demolindo os banheiros externos. Durante o mês de julho de 1989, as primeiras férias familiares são organizadas com famílias cuja maioria nunca saiu de férias. Desde então, a Associação dos moradores organiza uma estadia a cada verão. Ao mesmo tempo, uma ação extra-escolar assim como uma animação para as crianças pequenas estão sendo elaboradas para o acompanhamento das crianças da « Cité”.

No final de 1989, as demolições continuam e a Cidade de Lille compra a casa frente à rua a fim de instalar as caçambas. Trata-se de uma etapa importante, pois este depósito evita ao lixo doméstico de ser jogado nas ruas Malsence e Porret. Fora isso, inaugura-se o local coletivo com os moradores.

De 1990 a 1992, várias reuniões assim como visitas de quarteirões reabilitados em Lomme e Roubaix são organizadas com os moradores da “Cité” a fim de definir o uso futuro dos espaços coletivos liberados pela demolição dos banheiros. Ao mesmo tempo, uma faixa para pedestre é colocada pela CUDL na entrada da rua Malsence, após um pedido dos moradores, por crianças terem sido atropeladas. Várias oficinas são montadas : contos, desenho, percussão e piscina, noites familiares… As demolições dos blocos de sanitários coletivos continuam. Reuniões de trabalho estão sendo organizadas para definir o ordenamento das ruas centrais, com os proprietários concernidos, os arquitetos urbanistas da Cidade, o eleito de bairro e os intervenientes do PACT. Um caderno de encargos considerando o uso do solo em co-propriedade será redigido : Ele autoriza os proprietários a realizarem uma pequena construção adicional sob certas condições (gabarito, materiais…)

De 1993 a 1996, trabalhos de limpeza e de ordenamento das ruas são realizados. Declarações de trabalhadores são entregues coletivamente, a compra dos materiais é negociada em conjunto, um morador mandará fabricar pequenos portões no Marrocos, jornadas coletivas são organizadas…

A Cidade de Lille aceita a contratação de um assalariado com contrato de ajuda, encarregado de administrar os espaços em co-propriedade e de gerir as caçambas. Hoje esta função não existe mais, o que causa problemas de manutenção, sendo muito difícil a autogestão pelo fato da fragilidade das organizações.

O desenvolvimento de uma mutual de autoreabilitação, pela Antena Est do PACT, permitirá a colocação à disposição do material necessário às obras e dar os conselhos técnicos e legislativos. Em contrapartida a Operação Programada de Melhoria do Habitat não terá nenhum recurso, pois os proprietários realizam as obras por conta própria, sem apelar às empresas, por falta de meios.

O comitê de moradores, até então informal, forma uma associação para ter um estatuto jurídico e meios de existência : a associação « Lys Animation » nasceu em Fevereiro de 1996. Ela se juntará à rede « Palavras de Moradores », reunindo as associações e comitê de moradores dos setores fragilizados, para evitar o isolamento, mas também para constituir uma força e obter uma melhor escuta institucional.

Os anos 1997 a 2003 concentram-se principalmente sobre o ordenamento dos espaços públicos :

  • O desencravamento da “Cité” pelo tratamento de um lote vago na sua entrada. Esta ação tratará da definição compartilhada e da realização de uma pracinha associando o acesso aos serviços, um espaço aberto aos moradores, 10 lugares de estacionamento e a reabilitação do imóvel fechando a praça.

  • A instalação de um pequeno espaço público, localizado no fundo de uma rua em um terreno municipal. Esta instalação segue o diagnóstico dividido compartilhado com « Palavras de Moradores ». O projeto trata da reapropriação de um lote vago, sendo objeto de entulhos, e de fazer um espaço de convivência fechado por um portão, a gestão do local sendo feita pela associação “Lys Animation”. As obras serão realizadas em nome do Fundo de Obras Urbano.

  • A reforma da parede meeira com o liceu Ferrer. Esta parede foi firmada pelo Conselho Regional por motivo de importantes rachaduras provocando um desequilíbrio em direção a rua da “Cité Lys”. Depois da mobilização dos moradores, a reforma desta parede foi realizada dentro da reabilitação do liceu Ferrer, o que melhorou a qualidade de vida desta rua.

De 2003 a 2005 enfim, o trabalho tratou da reciclagem de casas vagas e da luta contra os vendedores de sono. 5 casas estão sendo hoje objeto de uma ação de reabilitação dentro do processo IGLOO. A constituição de um grupo de pilotagem específica permite orientar neste projeto famílias podendo ter um papel motor nas dinâmicas sociais em obra « Cité Lys”.

Intervenções em nome do Fundo de Obras Urbano permitiram proteger as casas e garantir a segurança.

  • Alem da continuação de ações de animação coletivas, ações de florescimento foram regularmente organizadas.

  • Um trabalho coletivo de definição de um regulamento relativo à vida no bairro foi realizado.

  • Problemas decorrentes da insegurança levaram a associação a solicitar intervenções policiais, chamar o procurador, o prefeito e a entidade de vigilância para tentar encontrar melhores condições de vida.

Balanço

Esta ação permitiu eliminar duravelmente o processo de degradação que existia na «Cité Lys». Pelos compromissos como atores, os moradores demonstraram sua capacidade em investir e em tomar conta de seu futuro. Graças à dinâmica coletiva, eles reduziram os conflitos de vizinhança, favoreceram as trocas sociais e desenvolveram as solidariedades. Entretanto, a « Cité Lys » permanece um lugar de relegação social, um bairro gueto, um lugar estigmatizado onde é preciso lutar para sobreviver por falta de outra alternativa.

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