A luta por uma “agricultura com agricultores ».
08 / 2004
Maria da Graça é a diretora nacional da reforma agrária e meio ambiente da Confederação Nacional de Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) no Brasil. Ela nasceu em Alcântara, um município do Estado de Maranhão, numa família com 14 filhos muito pobres, dedicada por completo á agricultura de subsistência. A CONTAG tem uma história de 40 anos, hoje conta com 26 federações associadas, mais de 4.200 sindicatos e mais de 15 milhões de pessoas representadas, sendo a maior organização do gênero no Brasil.
No meio em que ela cresceu foi marcado pela presença de famílias pobres, que ocupam terras pertencentes ao Estado, e que portanto não lhes pertencem. Também não existiam infraestruturas básicas; as pessoas se organizavam em comunidades isoladas e analfabetas na maioria. Ademais, as mulheres, na sua maioria indígenas, são discriminada por casarem novas e ter muitos filhos. Só com muita determinação ela conseguiu sair dessa condição imposta pela sociedade onde vivia.
O trabalho de Maria consiste em ajudar na ocupação de novas terras. A confederação tem a preocupação de sempre buscar fazer ocupações criteriosas. Ocupam terras improdutivas, ou terras sem funções sociais como por exemplo terras cultivadas com trabalho escravo, terras com cultivos ilegais e terras com agricultura agressiva para o meio ambiente. Contrários à estas ocupações estão os grandes produtores latifundiários. O governo de Lula está começando a regularizar as terras, coisa que quase não foram feitas pelos governos anteriores.
A linha do pensamento da confederação se fundamenta numa nova reforma agrária baseada na agro-ecologia e soberania alimentaria. Além disso, a confederação quer a participação dos jovens e mulheres nessa reforma, assistência técnica permanente, uma agricultura com ajudas estatais e investimentos em infraestruturas.
O enfoque da CONTAG está na busca de uma agricultura familiar, como eles mesmo dizem: “uma agricultura com agricultores”, coisa que não acontece com o modelo denominado agro-negócio. O desemprego gerado pelo agro-negócio produz o êxodo rural, inchando os bolsos de pobreza que cercam as grandes cidades, marginalizando a população, que muitas vezes busca na criminalidade uma saída para a fome iminente. O agro-negócio também é um dos grandes responsáveis pela degradação do meio ambiente, derrubando florestas para aumentar a área de cultivo, assim como o uso indiscriminado de fito-sanitários .
Maria não consigue prever um futuro estável para o Brasil, porque o governo é dependente do agro-negócio para favorecer sua balança comercial. O governo tem um compromisso social de campanha com a agro-ecologia, mas sofre uma pressão para fortalecer o agro-negócio.
Ela considera o Fórum mundial sobra a Reforma Agrária (FMRA) uma excelente alternativa para solucionar essas questões, porque permite a socialização das experiências e preocupações de cada país. Em suas palavras “o objetivo do Fórum deve ser mundializar as diversas lutas e fomentar a participação da mulher”
reforma agraria, lucha por la tierra, organización campesina, soberanía agrícola, agricultura orgánica, participación de las mujeres
, Brasil
Foro Mundial sobre la Reforma Agraria (FMRA)
A luta interna do Brasil entre agro-negócio e agro-ecologia, é uma luta presente também a nível mundial entre o enfoque produtivista (neoliberalismo) e o enfoque humanitário, ambiental e cultural.
Esta ficha fue realizada durante el Foro Mundial sobre la Reforma Agraria (FMRA), organizado por el CERAI en Valencia (España) del 5 al 8 de diciembre del 2004. La colecta de experiencias fue conducida por ALMEDIO Consulting (www.almedio.fr) gracias al apoyo de la Fondation Charles Léopold Mayer.
Entrevista
Conf. Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG)
AMORIM, Maria da Graça
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