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diálogos, propuestas, historias para una Ciudadanía Mundial

Comércio Solidário no nordeste

Pauline GROSSO, Rosemary GOMES

06 / 2003

Ouricuri, interior de Pernambuco, engrossa as estatísticas das crianças que nascem no sertão nordestino e que não chegam à vida adulta. As famílias nordestinas chegam a ter mais de 10 filhos, a maioria não sobrevive a miséria e a seca. No sertão a fome é companheira de todos, sem distinção de gênero, raça ou faixa etária. A maioria das crianças que sobrevivem vêem seus pais indo embora para São Paulo tentar uma vida melhor. Um adeus que muitas vezes se torna “até nunca mais”.

O período de seca nesta região é prolongado, a população não consegue cultivar vários alimentos, pois a terra não recebe água com freqüência. Conseqüentemente os meses de oportunidade de trabalho na roça são poucos, sem contar a grande oferta de trabalhadores e trabalhadoras desempregados que faz com que o preço da diária caia assustadoramente.

Ao completar 18 anos, a maioria dos jovens dessa região planeja ir embora, ir para São Paulo ou Rio de Janeiro.

Nem a notícia de amigos assassinados pela violência urbana das grandes cidades assusta esses jovens. Coragem? Sim, pelo que irão enfrentar. Não, pela falta de opção de emprego e renda na sua cidade natal.

Foi nesse contexto que no ano de 2001 chegou ao município de Ouricuri o Programa de Comércio Solidário da ONG Visão Mundial. Em parceria com uma ONG local chamada Caatinga, a Visão Mundial começou a formar um núcleo de aprendizado de artesanato em madeira voltado para jovens, alguns desses jovens (100 adolescentes) viram nesse projeto uma razão de não ter que tentar a vida em São Paulo.

O Projeto estimula a produção e a comercialização de porta-retratos, cadernos e diversos

artefatos de madeira reciclada. Os jovens recebem instrução de educadores preparados e

treinados para lidar não só com a produção, mas com a vida de cada um deles.

Para participarem do projeto todos devem freqüentar a escola. A produção vai para as prateleiras de lojas que promovem o Comércio Solidário. Este tipo de comércio promove os produtos de comunidades pobres que estão em busca do desenvolvimento através do trabalho.

O impacto econômico ainda não é muito grande, mas alguns já compraram uma ovelha e pretendem trocá-las por animais menores para multiplicar o investimento.

O programa de Comércio Justo e Solidário da Visão Mundial teve início em 1999 com as primeiras exportações de produtos agrícolas para a Europa. Esta experiência possibilitou beneficiar 200 famílias produtoras de melão da região de Baraúnas, Rio Grande do Norte. Com o sucesso e experiência acumulada com este primeiro projeto de exportação de produtos agrícolas, a Visão Mundial decidiu dar mais um passo importante para consolidar seu Programa de Comércio Solidário: a parceria com pequenos produtores de artesanato, e posteriormente exportação de seus produtos. A Visão Mundial iniciou em 2000 o trabalho com um grupo de 26 artesãos da cidade de Gravatá, Pernambuco. Este grupo produzia brinquedos pedagógicos e tinha grande dificuldade em aumentar suas vendas, principalmente pelo fato de não terem acesso a informações sobre adequação de produto ao mercado, qualidade, e abertura de novos canais de comercialização. Hoje 5 comunidades fazem parte deste programa. São elas: Art Ilha – Pão de Açúcar – Alagoas – 42 mulheres, OKYRA – Pão de Açúcar – Alagoas – 15 adolescentes, YBYRAH BRASIL – Oricuri – Pernambuco – 100 adolescentes, ART GRAVATÁ – Gravatá – Pernambuco – 25 artesãos e GAMR – Gravatá – Pernambuco – 06 adolescentes. Estas comunidades produzem artesanato com bordados, papel reciclado, em madeira e jóias em prata respectivamente. Exportam para 400 lojas de Comércio Solidário em Luxemburgo, Holanda e Bélgica e também atendem (uma quantidade pequena) o mercado regional (loja Mundaréu em São Paulo).

Dois containers por ano são exportados pela Visão Mundial em parceria com a Comercial exportadora (SIPARN). Todas as despesas de exportação são pagas pelo importador (Modalidade de venda = Incoterm FOB).

Palabras claves

comercio justo, economía solidaria, pequeño productor, artesanía


, Brasil, Nordeste

dosier

Economia solidária na França e no Brasil

Fuente

Entrevista

Informações cedidas por Glayson Ferrari dos Santos – Coordenador de Comércio Justo da organização Visão Mundial

ABONG (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais) - Rua General Jardim, 660 - 7º andar - Vila Buarque Cep: 01223-010 São Paulo - SP- BRASIL - Fone/fax: (55 11) 3237-2122 - Brasil - www.abong.org.br - abong (@) uol.com.br

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