10 / 1994
Os Encontros do SAPÉ, como dizemos, foram para mim momentos de estrema auto-avaliação e autocapacitação. Momentos únicos para mergulhar de cabeça na minha prática enquanto educadora.
Desde o primeiro encontro, Caruaru, ficou consolidado um grupo marginal, quero dizer: fora do normal, do comum. Atualmente pessoas novas também se aliaram a este grupo inicial e firmou-se uma intensa cumplicidade entre os participantes, porém distante.
Sobre o que conversamos, avaliamos, descobrimos durante estes encontros, pensei em inúmeros flashes para escrever. Iniciei alguma coisa, mas finalmente o que tem me preocupado é o destino do grupo, assunto em pauta no nosso último encontro. Tenho feito, a mim mesma, indagações como: Quem Somos? - Todas as pessoas do grupo têm consciência dos seus objetivos e dos objetivos dos demais? - Quais os nossos limites? - Que perspectivas temos enquanto grupo? - Por que não nos comunicamos com mais freqüência?
Estamos vivendo em tempos de busca da Democracia e brigando para conquistar a posição de Cidadãos, ou melhor de Gente, ou ainda, de Ser Humano. Esta busca que em outros tempos era a luta de poucos, hoje é a ordem do dia. Mesmo que não tenha igual significado, os espaços para a discussão sobre a cidadania se ampliam. Contudo a discussão ainda é muito superficial, impessoal, teórica e discursiva. Neste cenário fico imaginando a nossa participação como educadores: Qual é a nossa? Como contribuir com eficiência e sinceridade para que esse processo avance? Penso que nosso grupo pode sim, pode aprofundar mais esta questão e contribuir com maior eficácia.
A equipe do SAPÉ tem sido o "Paizão" do grupo e acho que no último encontro colocou a paternidade em questão. E agora? Ficamos órfãos? Acho que precisamos refletir bastante e profundamente sobre o nosso rumo.
Acredito que desde julho todos temos pensado sobre o assunto. Sendo assim, sugiro que no próximo encontro, do pessoal de Pernambuco, sejam discutidos a história e o destino do grupo, levando-se em consideração os seus limites e as suas perspectivas. Podemos começar (no decorrer/finalizar)lendo minunciosamente um texto que a equipe do SAPÉ produziu, intitulado: "As Perspectivas de Trabalho com as Prefeituras" (a partir da experiência do SAPÉ), pois já traz algumas indicações sobre os nossos encontros e acho que irá ajudar consideravelmente na nossa reflexão.
Tenho pensado em algumas idéias que venham consolidar ainda mais a nossa parceria, são elas: produzir um jornal onde fossem divulgadas informações sobre as experiências do grupo, fazendo-o circular o mais amplamente possível; viabilizar a rede de informações, sugerida pela equipe do SAPÉ através do computador; selecionar vários temas para produção de textos, livretos, como subsídios para os professores; abrir uma "sucursal" do SAPÉ em Pernambuco.
Todas essas idéias vão exigir de nós, com certeza, uma maior disciplina quanto à produção e articulação, bem como uma estrutura administrativo-financeira que pode ser concretizada a partir de projetos e/ou parcerias entre as instituições já participantes do nosso grupo.
Através deste relato tentei expressar um pouco a minha preoucupação quanto ao destino do nosso grupo, buscando sobretudo a sua continuidade e o seu crescimento.
E, para finalizar: que tal batizarmos o grupo? Vamos pensar um nome?
popular education, citizenship, training, democratization process
, Brazil, Pernambuco
Através do insentivo à produção e leitura de fichas de capitalização de experiências pedagógicas, a rede BAM pretende favorecer a um processo de formação continuada junto a coletivos de educadores de jovens e adultos (hoje, existentes nos estados do Rio de Janeiro e Pernambuco). Está apoiado numa metodologia que valoriza a autoria e promove a interação entre educadores de diferentes contextos.
Original text
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