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dialogues, proposals, stories for global citizenship

Terapia, cultura e comunidade

Adalberto BARRETO

04 / 1994

Alguns modelos de atendimento psiquiàtrico ou psicolôgico clàssicos exploram somente a dimensâo biolôgica ou intra-psiquica dos indivíduos. Outros mais abrangentes exploram as interaçôes dentro da família. O primeiro seguindo uma logica linear, o segundo rompendo com este modelo, acrescenta uma dimensào fondamental que é a causalidade circular, porem ainda limitada pelo fascinio da "ideologia familiarista" que considera a familia o unico espaço de felicidade e de intimidade, como se ela fosse a unica responsavel pela situaçao de crise e vivenciada por um de seus membros, o "paciente designado"

Ambos ignoram o contexto socio economico-politico como o desemprego, a falta de habitaçâo, os despejos, a exploraçâo economica, que determinam comportamentos e interferem ativamente nas interaçôes que o individuo estabelece com os outros e com seu meio ambiente.

Em nossa pratica, temos procurado desenvolver uma experiencia de terapia de comunidades, numa favela de Fortaleza, em que procuramos por um lado resgatar esta dimensâo contextuel, sem perder de vista a dimensâo individual, biologica, psicologica, inter-relacional e ambiental. E por outro lado procurar criar um modelo de atendimento às pessoas em crise, que leve em conta as pecularidades de nossa cultura.

Tendo a abordagem sistemica como referencial, procuramos aplica-la numa perspective grupal, comunitaria. lsto é: partindo de uma "el situaçâo problema"(violencia, despejo, doença, alcoolismo, droga)apresentado seja por um individuo (paciente designado)ou por uma familia em crise buscamos compreender, questionar, reagir ao tema. Nesta perspective trata-se bem mais de uma " situaçâo problema" a ser trabalhada, clarificada do que de um paciente a ser diagnosticado e tratado. Procura-se repensar o problema, resitua-lo em um novo contexto onde cada participante contribue com sua intervençâo, proporcionando uma releitura do ocorrido, um redimencionamento das inter-açôes com os outros. Enfim, aprendemos a correlacionar os fatos e a fazer uma leitura diferente. Aprendemos a ultrapassar ocorrido" e ve-lo numa dimensâo circular, interrelacional. Nosso objetivo é estimular os laços afetivos entre as pessoas e procurar intervir como um comunicador preocupado em decodificar as mensagens, explicitar os nào ditos e sobretudo favorecer a tomada de consciencia das implicaçôes humanas na genese das crises e conflitos, para que a propria comunidade possa sentir-se implicada e co-participe dos acontecimentos.

Key words

Brazil

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Um dos pontos fundamentais desta pràtica terapeutica, é que o terapeuta procure compreender qual é o modelo de funcionamento do grupo em questâo. Quais sâo as percepçôes que ele tem do problema da "realidade" para entâo poder provocar intervençoes no sentido de suscitar novas alianças, de superar bloqueios e sobretudo de despertar no grupo o seu proprio processo terapeutico. Nossa intervençao deve ser no sentido de criar condiçôes para transformar um grupo humano impessoal em uma comunidade dinamica e solidaria, onde o indivíduo nâo sofra apenas as injunçôes punitives ou descriminativas do grupo, mas que ele receba também seu apoio, seu suporte e sua fôrça. Nossa funçâo de terapeuta é apenas de suscitar questionamentos, de provocar discussoes, de trazer elementos clarifcadores para que o grupo desenvolva sua vocaçao terapeutica.

Source

Original text

Centro de Estudos da Familia - Rua Frei Mansueto 150, 1301 - 60.17 Fortaleza, BRASIL Tel/fax 085 263 38 42

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