A Confederaçao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura(CONTAG)entende que a integraçao atraves do Mercosul, pode ser algo favoravel, mas no setor primario teria que ser um processo mais lento, sendo necessario mais tempo para que os pequenos produtores, que produzem os produtos basicos da alimentaçao, tenham condiçoes de fazer sua discussao.
O impacto vai ser grande nesses produtores, visto que a Argentina tem solos mais favoraveis, usa menos insumos e tem alta produtividade, embora também tenham setores de pequenas propriedades na Argentina. Existem pesquisas feitas no Brasil, no estado do Rio Grande do Sul, que diz que 30% dos pequenos produtores nessa regiao serão expulsos no primeiro ano de integraçao. E isso podera ocorrer porque o governo nao se preocupa em buscar um outro tipo de produçao. Nao oferece recursos para o pequeno produtor se capitalizar. A questao da reconversao nao e apenas um problema economico, mas passa pela questão social e cultural. Entao, deve-se criar um fundo de amparo ao pequeno produtor, e esse fundo e o governo que deve discutir. Este deve ser distribuido para o pequeno produtor como um estimulo.
A integraçao sem ouvir os que dela participam e complicado e pode levar ao colapso total, dificultando ainda mais a situaçao, que hoje ja chega a quase 10 milhoes de indigentes na area rural.
Tem determinados atores subalternos, como os pequenos agricultores, que teriam toda a capacidade de iniciativa estrutural, que vao ser afetados por esses interesses e que nao se tem posicionado dentro do que diz respeito ao Mercosul. E o que acontece tambem com o assalariado rural, categoria que nao tem carteira assinada, nao tem direitos sociais. De outro lado, tem atores que tem tomado a palavra, se posicionado, como por exemplo, os representantes das multinacionais. Dentro do Mercosul e obvia a necessidade de se considerar o papel especifico das empresas multinacionais. Nao se pode passar ao largo da consideraça especiica das empresas multinacionais por serem as principais protagonistas do processo de internacionalizaça que atualmente se discute no Brasil. E por serem as principais beneficiarias do processo de integraçao, na medida em que podem aproveitar das muitas vantagens colocadas pela integraçao.
De certa forma, e a pratica da iniciativa privada que esta levando, na pratica, o processo de integraçao regional. Ou seja, de alguma forma esse processo do Mercosul, esta projetando comportamentos diferenciais, tanto no setor dominante como nos setores subalternos. Ha alguns atores que o Mercosul esta transformando em sujeitos desse processo e outros em objetos.
A Confederaçao Nacional de Trabalhadores na Agricultura e uma Central Sindical que, juntamente com o Departamento Nacional dos Trabalhadores Rurais da CUT, (Central Unica dos Trabalhadores)representam os trabalhadores rurais (camponeses)no Brasil. A opinao dessa entidade face ao Mercosul e sumamente critica, embora reconheça a integraçao do cone sul como uma boa ideia. Nao podia ser de outra maneira visto a forma excludente com que os camponeses tem sido tratados pelo governo, tanto em questoes mais gerais, quanto em particular ao Mercosul. Apesar das inumeras reuniões que tem sido feitas, a CONTAG não tem tido condiçoes de participar delas, salvo raras exceçoes.
Entrevista Guillermo ROGEL, assessor (IBASE), com o consultante da Politica Agricola da Confederaçao Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Italico CIELO.
Interview
ROGEL, Guillermo, IBASE=INSTITUTO BRASILEIRO DE ANALISES SOCIAIS E ECONOMICAS, S.E., 1993 (Brazil)
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