09 / 1993
Cerca de 700 estudantes de todo pais estiveram reunidos de 15 a 21 de agosto de 1993 no XXXVI Congresso de Estudantes de Agronomia.Alem dos paineis centrais, das oficinas e grupos de trabalho que discutiram os temas especificos ligados a problematica rural do pais e o papel da educacao, houveram ainda os paineis paralelos com os temas: qualidade de producao, alimentacao e saude; Mercosul e agricultura na America latina; juventude e sexualidade; cooperativismo,cooperacao agricola e sindicalismo; a mulher na agricultura; unidade de producao familiar e o estado; patenteamento: questao etica ou comercial e comunicacao e educacao rural.
No painel Educacao e comunicacao rural tres debatedores discutiram diferentes aspectos da comunicacao rural: Raquel Moises analisou os programas televisivos produzidos para agricultores,Enio Spaniol tratou da postura do agricultor frente a televisao e Cristiana Tramonte da Associacao DIALOGO-Cultura e Comunicacao trabalhou o conceito pedagógico de comunicacao rural e metodologias educativas que promovam a participacao do agricultor nos processos decisorios e sociais.Para tratar deste ultimo tema a expositora abordou os processos de democratizacaoo social e o papel da comunicacao popular. A partir dos educadores Paulo Freire e Juan Diaz Bordenave, discutiu-se o significado da extensao imposta durante a chamada "modernizacao verde"na decada de 50 e as possiveis praticas democratizadoras que a comunicacao rural pode propiciar. Estas reflexoes sao o resultado de vários anos de trabalho junto a agricultores do Planalto Serrano do Estado e buscam resgatar o significado da comunicacao rural popular que nao pode restringir-se as praticas verticalistas promovidas pelas empresas particulares e do governo, cuja finalidade principal sempre foi a divulgacao de tecnicas que promovessem o mercado e nao a autonomia do produtor rural. Discutiu-se ainda as diferentes relacoes dos trabalhadores rurais com a terra, a cidade , o trabalho, a natureza e o Estado e a necessidade de se levar isto em conta quando se faz consideracoes ou proposicoes a respeito de agricultores.Um dos pontos altos do debate foi a dificil relacao entre tecnicos e agricultores, o que trouxe a tona temas como a prmocao da autoonomia e dos espacoos de negociacao democratica, alem da busca da unidade na diversidade, fundamental quando o que se tem em mente e a promocao social dos sujeitos enquanto cidadaos participantes.
A comunicacao enquanto processo educativo questiona a nocao tradicional de extensao- aplicada por tecnicos agricolas durante anos no Brasil, segundo a qual a comunicacao serve para transmitir um saber pretensamente cientifico, partindo do principio de que os agricultores sao meros receptaculos vazios de saber que devem absorver este conhecimento. Na maioria das vezes este saber serve a interesses das elites que se articulam em programas para fazer valer tecnicas e procedimentos que sirvam a seus interesses. O resultado em geral e um estranhamento geral: este saber nem mesmo e apreendido pelo agricultor que, com suas praticas culturais proprias rejeita academicismos que nao condizem com a realidade ao mesmo tempo em que rejeitam tambem os portadores, os agronomos. Este distanciamento nao interessa aqueles agronomos que desejam promover processos educativos democraticos e nem aos agricultores que desejam promover sua cidadania. Auxiliar nesta aproximacao pedagogica pode ser tarefa valiosa da comunicacao popular rural.
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TRAMONTE, Cristiana, DIALOGO-CULTURA E COMUNICACAO
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